“OU CISMAS, OU PRISÕES, OU APOSTASIA OU CADEIA”: Mudanças e permanências do padroado régio na administração civil-eclesiástica da província de Alagoas (1817-1870)
Administração Pública; Conflitos Políticos; Padroado Régio; Província de Alagoas; Relações de Poder.
A formação da gestão pública brasileira deu-se mediante um extenso processo de adaptação e mutabilidade, onde a Igreja Católica prevaleceu como agente estrutural do Estado. Desde a concepção do projeto de colonização Ibérico, ao longo da anexação à metrópole portuguesa até a ascensão ao Império do Brasil. A subserviência do clero, perante os regentes do trono português, impulsionou a disseminação de posturas eclesiológicas divergentes da autoridade papal em segmentos clericais. Aqueles que propunham a defesa do padroado são denominados, então, pela historiografia, regalistas. Contudo, as mesmas influências liberais que impeliram o posicionamento regalista de independência ante a Santa Sé, chocaram-se, corriqueiramente, com o aparelhamento da instituição sob o poder do Estado. Com base na historiografia contemplada, advinda da nova história política e social, torna-se possível ver que esta notável transformação ocorreu no Brasil de maneira mais acentuada a partir do século XIX, quando a crescente perda de espaço nas esferas políticas, por parte dos clérigos, acirrou a relação entre os poderes eclesiástico e civil. A presente dissertação investiga essas relações de poder dentro da administração civil-eclesiástica na Província de Alagoas - dentre os anos de 1817 e 1870 - através da análise das correspondências e dos relatórios do clero da província, das atas de reunião da Câmara do Conselho Geral da Província, além dos episódios de contenda disponíveis em periódicos da época. Pois, as disputas contidas nestes âmbitos evidenciam que se intensificou a participação e atuação política direta de membros do clero provinciano nos movimentos liberais, de contestação ao governo Imperial e em revoltas armadas. Com o intuito de redefinir o papel da Igreja Católica, ao longo desse período, dentro da ordem do espaço social, juntamente com o Estado em âmbitos políticos, culturais e ideológicos.