História e Memória da (Re)existência Xokó: narrativas decoloniais e os desafios da autoafirmação identitária indígena no tempo presente (1978 – 2022)
Povos indígenas; narrativas orais; (re)existência; decolonialidade; Xokó
No século XIX, a continuidade de um projeto colonialista de extermínio dos povos indígenas influenciou as políticas indigenistas e os intelectuais dos Oitocentos, que projetaram suas ideias eurocêntricas para a República. Até a década de 1970, as narrativas oficiais tentaram ocultar nossas histórias e memórias, mas não sem a nossa (re)existência contra a colonialidade do poder (Aníbal Quijano, 2005, 2009). Esta pesquisa, portanto, visa a analisar o processo de autoafirmação da nossa identidade enquanto indígena Xokó a partir do nosso sentimento de pertencimento a esta coletividade durante a Retomada da terra indígena Ilha/Caiçara em 1978; além disso, busca compreender como este evento histórico é comemorado ainda hoje, uma vez por ano, no mês de setembro, na Festa da Retomada, para rememorar o nosso passado recente e (re)afirmar nossa identidade indígena Xokó. Com isso, pretendemos dar visibilidade ao nosso protagonismo histórico a partir de uma escrita decolonial (Maori Smith, 2018). Quanto às fontes históricas, trabalhamos nesta pesquisa com entrevistas, jornais, documentos oficiais, documentos produzidos por órgãos de apoio à causa indígena e buscamos intercâmbios entre a Antropologia e a História social e cultural, baseando-se na Teoria Decolonial (Seligmann-Silva, 2022), que, em conjunto com as outras epistemologias, consegue responder nossas questões, ou pelo menos chegar o mais próximo possível delas. As narrativas ao longo desta dissertação demonstram traços da nossa realidade de luta e adaptabilidades políticas, sociais e culturais no tempo presente enquanto indígenas pertencentes ao povo Xokó da Ilha de São Pedro/Caiçara, do Município de Porto da Folha, no Estado de Sergipe.