GUERREIRO: PATRIMONIO CULTURAL IMATERIAL OU INVISÍVEL?
Patrimônio; Guerreiro; Alagoas
O presente trabalho versa sobre um dos maiores emblemas do Estado de Alagoas: o
folguedo Guerreiro Alagoano. A figura do chapéu de igreja com fitas multicoloridas adorna o
estado em diversos locais, sobretudo na capital, Maceió. Do aeroporto aos litorais, do centro à
periferia, em todas as regiões da cidade, haverá um quadro, uma escultura, um artesanato, um
retrato, uma intervenção urbana que ostentará o chapéu, símbolo de um folguedo, de uma
manifestação cultural, de uma identidade, de um estado. Como a sombrinha de frevo para
Pernambuco e o Farol da Barra para a Bahia, o chapéu de Guerreiro afirma, sem dizer uma
palavra, que se está em território alagoano. O chapéu é ícone soberano, de beleza estética
única e original, facilmente apropriado pela sociedade, por governantes e artistas. Mas o
chapéu é uma parte de um todo muito maior: um folguedo, uma manifestação cultural que
surgiu e ganhou seus contornos em Alagoas, que envolveu sonhos e dedicação de gerações de
alagoanos, que foi construída, renovada, apropriada e até usurpada ao longo dos seus quase
100 anos de existência. O chapéu é do Guerreiro, e não O Guerreiro. E, no entanto, ele está
muito mais presente sozinho que junto ao todo do qual faz parte, como se pudesse existir
dissociado da manifestação. O pesquisador – aprendi – é antes de tudo um questionador. Daí
a questão: por que isso acontece?