História e Memória da (Re)existência Xokó: narrativas decoloniais, conflitos intergeracionais e os desafios da autoafirmação identitária indígena no tempo presente (1978 – 2022)
Povos indígenas, narrativas orais, (re)existência, decolonialidade e autoafirmação Xokó/SE
No século XIX, houve a continuidade de um projeto colonialista de extermínio contra nós povos indígenas. Esse projeto influenciou a política indigenista e os intelectuais do Oitocentos, que projetaram suas ideias eurocêntricas para a República. Até a década de 1970, a historiografia oficial tentou ocultar nossas histórias e/ou memórias, mas não sem a nossa (re)existência. Em 1978, nós Xokó protagonizamos a nossa história contra essa colonialidade da barbárie. Esta pesquisa visa analisar o processo de autoafirmação da nossa identidade enquanto indígena Xokó a partir do nosso sentimento de pertencimento a esta coletividade e da retomada da terra indígena Ilha/Caiçara; além disso, busca compreender como este evento histórico é comemorado ainda hoje, uma vez por ano, durante a Festa da Retomada (mês de setembro) para rememorar o nosso passado recente e continuarmos nos (re)afirmando indígena Xokó. Com isso, pretendemos dar visibilidade às nossas (re)existências, a partir de uma (re)escrita decolonial. Assim, trabalhamos nesta pesquisa com as seguintes fontes: entrevistas, jornais, documentos oficiais, documentos produzidos por órgãos de apoio à causa indígena e buscamos intercâmbios com a antropologia, história social, cultural e epistemologia decolonial. Portanto, verificamos que a decolonialidade em conjunto com as outras epistemologias conseguem responder nossas questões e/ou indagações, ou pelo menos chegar o mais próximo possível delas. As narrativas Xokó, portanto, demonstram as realidades, as adaptabilidades políticas, sociais e culturais das nossas reafirmações no tempo presente.