O lugar das discussões de gênero e sexualidade no ensino de História: um estudo de caso no município de Senador Rui Palmeira (1997-2020)
Gênero. Sexualidade. LGBTQIAP+. Currículo. Ensino de História.
A masculinidade e a feminilidade atribuída a homens e mulheres do sertão nordestino do município de Senador Rui Palmeira são construídas histórico e culturalmente para exaltar a força masculina, mas não somente por isso, mas por questão de sobrevivência ao clima quente e castigante do sertão, em que se forjam indivíduos fortes, como sinônimo de masculinizados e rudes, tratando a feminilidade como sinônimo de fraqueza. Tal cultura contribui para a propagação de práticas preconceituosas e violentas para com homes e mulheres, que são tipificados como “afeminados” e “masculinizados”, respectivamente. Neste cenário, observamos porque Alagoas foi o primeiro estado do país a aprovar o projeto de lei da “Escola sem Partido”, que atrelado a “Ideologia de Gênero”, produziu informações inverídicas e discursos depreciativos sobre a abordagem das temáticas de gênero e sexualidade no espaço escolar. Verifica-se que, gradativamente, a temática deste estudo foi sendo incluída e depois excluída dos documentos curriculares oficiais: Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação (1997-1998); Planos Nacionais de Educação (2001-2010; 2014-2024); Resoluções e pareceres relacionados à formação inicial e continuada de professores (1998-2020); Planos Estaduais de Educação de Alagoas (2006-2015; 2016-2026); Plano Municipal de Educação de Senador Rui Palmeira (2015-2025); Base Nacional Comum Curricular (2017); Referenciais Curriculares do Estado de Alagoas (2010, 2014, 2019); Temas Transversais dos PCNs (1998) e Temas Transversais da BNCC (2019). Tivemos como resultado o silenciamento das temáticas nos referidos documentos elaborados entre meados de 1997 a 2020. Mas que a ausência dos termos nos documentos e na formação complementar de professores e professoras não teve interferência na prática didático pedagógica deles (as), uma vez que, conforme os resultados da pesquisa de campo feita com professores e professoras que lecionam a disciplina de História nos anos finais do ensino fundamental do município de senador Rui Palmeira, identificamos que eles (as) não tinham conhecimento das temáticas de gênero e sexualidade. A abordagem deste estudo pretendeu observar que no ensino de História é possível problematizar as práticas culturais e educativas intrínsecas à formação das identidades sócio-históricas (o ser homem e o ser mulher), que sofrem a interferência dos interesses políticos das instituições, como as das crenças religiosas que buscam a preservação dos “bons costumes” da família tradicional, em contraposição à redução de preconceitos, violências, abusos sexuais e descriminação das mulheres hétero cis gênero e das pessoas LGBTQIAP+, especialmente no sertão nordestino.