SOLUBILIZAÇÃO DE FOSFATO INORGÂNICO POR BACTÉRIAS ISOLADAS DE LIQUENS DA ANTÁRTICA
Bactérias solubilizadoras de fosfato. Tolerância ao estresse. Antártica. Liquenosfera.
Os liquens são organismos pioneiros em ambientes extremos, crescendo em condições limitantes de nutrientes, além de serem abundantes na Antártica. Eles representam um reservatório rico para o isolamento de bactérias com potencial biotecnológico de interesse agrícola, apresentando características de promotoras de crescimento vegetal, através da solubilização de fosfato inorgânico. Nesse contexto, este estudo objetivou analisar o potencial de bactérias isoladas de 6 amostras de liquens da Antártica para solubilização de fosfato inorgânico sobre a influência de diferentes temperaturas, variação de pH, concentrações de NaCl, carboidratos e indução de estresse osmótico. A coleta dos liquens ocorreu dos diferentes liquens ocorreu na ilha Rei George durante a expedição OPERANTAR XXXVI (verão de 2017/2018). As bactérias foram triadas para solubilização de fosfato utilizando o meio NBRIP sólido (ensaio qualitativo) e em caldo (ensaio quantitativo). As bactérias positivas para solubilização foram avaliadas quanto à capacidade de fixar nitrogênio em ensaio qualitativo. A quantificação de fósforo solúvel foi estimada com o método vanadato-molibdato de amônio após cultivo em meio líquido. De 60 bactérias avaliadas, 15 (25,0%) solubilizaram fosfato tricálcico a 15,0 ºC e 25,0 ºC, enquanto 13 isolados (21,6%) apresentou atividade a 30,0 ºC e nenhum a 35,0 ºC. O índice de solubilização de fosfato (ISF) foi mensurado pela razão do diâmetro do halo (mm) pelo diâmetro da colônia (mm). Os maiores índices de solubilização de fosfato a 15,0 ºC foram de 1,75 a 3,02; a 25,0 ºC de 1,84 a 2,76 e a 30,0 ºC de 1,78 a 2,70. Cinco bactérias foram selecionadas para quantificação de fósforo em meio líquido e os isolados 1BLQ4 e 4BLQ4 obtiveram média de 605,18 mg/L e reduziram o pH para 4,07, [AD1] enquanto a 2BLQ1* solubilizou 505,56 mg/L e pH final de 4,29 e a 4BLQ4* com 494,05 mg/L e pH 4,17. Estes quatro isolados não apresentaram diferença significativa no P solúvel. O isolado 7BLQ2 apresentou menor solubização de fosfato, com 365,78 mg/ L e pH de 7,0 para 4,33. Das 15 solubilizadoras de fosfato, 80% (13), cresceram em meio seletivo para fixadoras de nitrogênio e as cepas que apresentaram maior crescimento foram a 2BLQ1* e 3BLQ5. As bactérias 1BLQ4 e 2BLQ1* foram selecionadas para testes sob condições de estresse e ambas solubilizaram fosfato na concentração de 0,5 M de NaCl, 421,81 mg/L e 432,77 mg/L, respectivamente. Nos diferentes pH avaliados (7, 8 e 9), as duas cepas apresentaram altos níveis de P solúvel. Quando submetidas aos testes com diferentes carboidratos (glicose, sacarose, lactose e amido), a glicose foi a fonte mais eficiente para solubilização. Foi utilizado glicerol (2%, 5% e 10%) para indução de estresse osmótico e ambas as cepas mantiveram alto níveis de P solúvel nas 3 condições testadas. A máxima solubilização de fosfato para 1BLQ4 foi com 96 h de incubação (606,45 mg/L) e para 2BLQ1* foi com 120 h (565,41 mg/L). Os resultados demostram que bactérias recuperadas de liquens da Antártica são eficientes na solubilização de fosfato inorgânico em diferentes temperaturas, condições alcalinas, efeito osmótico e concentrações razoáveis de salinidade.
[AD1]Mas não são 2 bactérias? O resultado é idêntico?