PRIMAVERAS NEGRAS: OS USOS E A PRÁTICA DA AFROESTIMA NA VIDA DE PESSOAS NEGRAS
Afroestima. Autoestima. Movimento Negro Brasileiro. Pessoas negras.
O texto e a pesquisa são sustentados por uma abordagem que não separa o aspecto político do pessoal. Um conceito central nessa pesquisa é o de afroestima, um termo que tem sido utilizado por pessoas negras nas redes sociais, como um meio de empoderamento decorrente do letramento racial para (re)afirmar o amor pela cultura afro-brasileira e as características fenotípicas da comunidade negra. Embora o conceito/termo tenha surgido recentemente, a afroestima antes de tudo é uma prática, e como tal, ela não é nova, o Movimento Negro no Brasil, já falava há um bom tempo sobre o amor e o carinho com os quais nós, pessoas negras, devemos nos relacionar com nossos próprios corpos. Minha proposta nessa pesquisa, é que, no caso de pessoas negras, autoestima e afroestima estão interligadas, pois, levando em consideração o racismo estrutural brasileiro que gera auto-ódio nessas pessoas, para desenvolver amor por si e uma autoestima, a população negra precisa primeiro (re)definir o que significa ser negra(o), produzindo outros sentidos e significados para esse corpo que foi produzido historicamente para ocupar a margem. O objetivo geral da pesquisa é discutir a prática da afroestima na vida de pessoas negras, para isso assumo alguns objetivos específicos: i) apresentar as bases e os fundamentos da afroestima a partir da história do Movimento Negro brasileiro e ii) conhecer como pessoas negras vivenciam a afroestima. Como base epistemológica, partirei das epistemologias do sul global. Para alcançar os objetivos propostos, recorrerei a três ferramentas metodológicas: i) realizar conversações afroafetivas com pessoas negras, ii) fazer uma análise interseccional para analisar o conteúdo produzido através das conversações afroafetivas, e iii) realizar uma revisão narrativa para apresentar as bases e os fundamentos da afroestima na história do Movimento Negro brasileiro. A relevância da pesquisa se dá, entre muitos pontos, em contribuir para a construção de conhecimento em psicologia direcionado à superação do racismo e da branquitude como modelo de corpos e vida, considerando a forma com que as estruturas raciais brasileiras se interpõem na construção da afroestima, da autoestima, das vivências e da subjetividade de pessoas negras.