O SALTO PARA A EXPERIÊNCIA SIMBÓLICA: um estudo sobre a mediação do educador na comunicação com bebês na creche
Creche; comunicação; operações simbólicas; desenvolvimento humano; in tenção educativa.
Com a formalização da educação Infantil enquanto primeira etapa da educação básica, abre-se um alerta para a preparação dos educadores que trabalham nas creches. Reconhecemos esse alerta e destinamos esta dissertação para discutir questões relacionadas com a caracterização do ato educacional exercido nas creches, na expectativa de reverter o predomínio do assistencialismo historicamente observado nesses espaços. Esta dissertação integra três etapas de investigação: iniciamos com uma análise de documentos fundamentais que regulamentam a Educação Infantil, com destaque para os espaços das creches. O objetivo dessa análise foi discutir sobre atribuições do profissional que trabalha com Educação Infantil. A segunda etapa consistiu em uma análise de artigos levantados em banco de dados virtuais que abordam a relação entre desenvolvimento e Educação Infantil. O objetivo desse estudo bibliográfico foi destacar como diferentes posições epistemológicas sobre o desenvolvimento humano repercutem na proposição de diferentes práticas pedagógicas na Educação Infantil. Na terceira e última etapa, realizamos uma pesquisa de campo com o objetivo de investigar recursos conceptuais e materiais utilizados por educadores para interpretar processos comunicativos envolvendo bebês. Seis educadores participaram desta pesquisa. Como procedimento metodológico apresentamos duas cenas, uma em vídeo, que focalização a interação como um adulto. A outra cena consistiu em uma descrição fictícia da hora do sono dos bebês na creche. Os objetivos foram a) investigar recursos que os educadores utilizam para caracterizar a comunicação e b) analisar recursos uti lizados para lidar com comunicação em situação de conflito, respectivamente. Com esse procedimento fomentamos a produção de narrativas escritas dos participantes. Nos resultados destacamos um contraste entre duas orientações dos recursos conceptuais para explicar a comunicação envolvendo bebês: 1) a observação/descrição das ações do corpo; b) o salto para simbolização (interpretação das ações). Na discussão desses resultados, relacionamos a primeira orientação com as práticas assistencialistas e a segunda como caminho para a caracterização do ato educacional na creche. Defendemos essa posição com o argumento no qual as operações simbólicas, ativadas nos processos comunicativos, pressupõem oportunidades para envolver bebês em experiências culturais diversificadas. Concluímos ratificando o alerta para a preparação dos educadores, considerando-se implicações éticas das suas interpretações para o desenvolvimento dos bebês. Finalizamos com o argumento sobre a possibilidade de prepará-los para essas interpretações e, dessa forma, instrumentalizá-los para a intenção educativa, prescrita na BNCC orientação pedagógica para a Educação Infantil.