A reivindicação dos entregadores: da condição periférica ao sujeito político
Entregadores; condição periférica; aliança; sujeito político.
Os entregadores por aplicativo constituem uma das categorias de serviço crescente no país. Expostos ao dano, a assédios e a acidentes, a responsabilidade do serviço recai somente sobre si. Por essa individualização, a análise crítica caracteriza-os como uma classe descrente ao futuro e resignada perante as transformações sociais. A via aberta pelo movimento dos entregadores antifascistas em 2020 possibilitou a presente pesquisa, o que se via enquanto subjetividade individual, sem material físico e pessoal para a construção de alianças, realizou uma das principais manifestações contra a precariedade do trabalho e contra o governo. Aqueles fora da legislação do campo do direito, sem nenhuma organização prévia e pouco reconhecimento, persistem. Esse problema levou à questão da pesquisa: É possível pensar um sujeito político sem garantia legislativa, sujeito produzido através do espaço de ação? Enquanto metodologia, foram recolhidas entrevistas divulgadas pelos entregadores antifascistas nas suas redes sociais, principalmente do entregador Paulo Lima, conhecido como Galo, no período de 2020 a 2022. Para debater o material, a escolha por Butler e a sua psicanálise deve-se ao fato de se pôr em questão na sua produção o impasse colocado por esses corpos na vida política. O objetivo da pesquisa é discutir o sujeito político através da reivindicação dos entregadores. A hipótese seguida é a produção desse sujeito pela via do ato. A partir de uma revolta contra o governo e os aplicativos, os entregadores foram às ruas e construíram uma mobilização de efeitos diversos, assim como incendiaram um monumento para realizar no presente a luta do passado. Isso possibilitou o reconhecimento da categoria, além de fornecer alianças diversas. O ato possibilitou um corte, transformando uma condição em posição política.