DO DESALENTO À EXUBERÂNCIA: A POTÊNCIA DAS EPISTEMOLOGIAS FEMINISTAS NA CONSTRUÇÃO DE NARRATIVAS COM MULHERES DISSIDENTES
lesbianidades; sexualidades dissidentes; feminismo; crônicas.
O tema de pesquisa é pensado a partir das dinâmicas que afetam a mim, e acredito que a tantas outras mulheres, que ocupam ou já ocuparam espaços nos quais fomos deslegitimadas e/ou invisibilizadas. As sexualidades e as dimensões morais, políticas e ideológicas que estão imbricadas alegam às dissidências uma forma arbitrária de conferir ao outro um status de anormal, bizarro, fundamentadas em discursos religiosos e médicos que marginalizaram as sexualidades dissidentes. A partir de um contexto de desobediências epistêmicas e pesquisas monstruosas, ressalto que as escolhas que integram aspectos epistemológicos, ideológicos e éticos compõem um paradigma de pesquisa que são um ato político. Assim, esta pesquisa contempla uma tentativa de contrariar a neutralidade e objetividade fincados nas práticas acadêmicas, demonstrando uma problematização acerca das motivações e consequências que interpelam os saberes produzidos. Esta pesquisa, portanto, também se trata de uma pesquisa monstruosa, uma vez que busco não permanecer leal à norma classificatória que pensa radicalmente sobre fronteira e normalidade. Seria possível tratar sobre uma objetividade corporificada, uma objetividade feminista que significa saberes localizados e remontam uma ciência dos sujeitos múltiplos, da tradução, do parcialmente compreendido. A ampliação da rede de conhecimento se concretizará a partir de blogs, acervos digitais e arquivos postados na internet e redes sociais que façam parte de produções realizadas por mulheres que se autodenominam lésbicas, assim como utilizarei as narrativas do dia a dia, as “histórias emprestadas”, minhas e de tantas outras mulheres que já compartilharam suas experiências enquanto mulheres lésbicas dissidentes. Para tanto, irei recorrer às crônicas como política de escrita para apresentar os discursos que estarão marcados sob o olhar das lesbianidades, performatividade de gênero, patriarcado, relações de poder e as tentativas de aniquilamento das nossas identidades em contextos institucionais como o trabalho e a academia. Para dialogar com os temas colocados, contarei com autoras e autores como Judith Butler, Guacira Louro, Monique Wittig, Glória Anzaldúa, Adrienne Rich, dentre outras.