CONHECENDO TRAJETÓRIAS E PERCURSOS DE(S)VIADOS: SOBRE OS DESLOCAMENTOS TERRITORIAIS E SUBJETIVOS CONTEMPORÂNEOS

a) deslocamentos; b) sexualidades; c) processos de subjetivação; d) psicologia.

Esta pesquisa se debruça sobre os processos de deslocamento territorial experienciado por pessoas LGBTQIA+ que migraram do interior do estado para Maceió, capital de Alagoas. Para além das questões próprias dos deslocamentos territoriais, buscamos apreender os deslocamentos subjetivos que são produzidos nesse processo, levando em consideração tanto a vivência e expressão da sexualidade do sujeito quanto as dinâmicas territoriais que organizam o interior e a capital, que produzem modos de subjetivação distintos. Para tal, nosso objetivo geral consiste em conhecer e analisar as trajetórias de gays, lésbicas e bissexuais que se desloca(ra)m do interior para a capital; enquanto os objetivos específicos consistem em conhecer e discutir os elementos que qualificam a vivência no interior e no grande centro urbano, circunstanciar a atual relação do sujeito com o novo espaço e com o lugar de origem, discutir como se constituem suas redes de afeto no novo lugar e, por fim, conhecer suas percepções acerca dos espaços que ocupam na cidade. Amparado por bell hooks, me utilizei de conversações com os/as participantes para compartilhar experiências e produzir os dados necessários, tendo a gravação e transcrição desses momentos como forma de registro. Com inspirações embasadas no referencial teórico-metodológico queer e feminista, busquei analisar os dados produzidos a partir de uma Análise Narrativa, que problematiza as experiências e nos oferece outra forma de percebê-las, acreditando que os relatos narrados pelos/as participantes nos fornecem ferramentas com as quais pode ser possível fazer, pensar e produzir por caminhos outros. Nesse sentido, tendo em vista que a pesquisa parte das experiências pessoais do pesquisador, importa mencionar que minhas memórias e afetos também emergem como ferramentas metodológicas na pesquisa, aguçando os sentidos aqui produzidos. Observamos a insuficiência em analisar os processos territoriais sob uma ótica binária e estática, uma vez que interior e capital se mostram como complementares, como pólos que se constituem entre si, entendendo também que os territórios se encontram em constante transformação. Aferimos que o centro urbano não se constitui necessariamente como lugar de acolhimento às diferenças e diversidade sexual. Percebemos que os deslocamentos territoriais também produzem deslocamentos subjetivos: rupturas e ressignificações que transformam o sujeito, sobretudo na experiência de pessoas LGBTQIA+, que encontram na cidade grande uma maior liberdade para vivenciar suas sexualidades, distante das redes de entreconhecimento presentes no lugar de origem.