ROMPENDO O VELCRO A NAVALHADAS: SOBRE CORTES E REMENDOS LÉSBICOS
Palavras-chave: Candomblé; lesbianidades; Maria Navalha; pensamento lésbico; violências
A partir da conexão entre a força ancestral da malandra Maria Navalha, figura das religiões de matrizes africanas, e o pensamento lésbico, esta dissertação objetiva a produção da navalha como uma ferramenta de análise das opressões. A navalha na tradição religiosa africana funciona como instrumento de defesa e proteção. Na tradição oral lésbica imortalizada na música de Raul Seixas, as mulheres lésbicas “colocam suas aranhas para brigar”, nesta dissertação, entretanto, as aranhas são colocadas a tecer. Adrienne Rich, bell hooks, Donna Haraway, Audre Lorde, Gloria Anzaldúa, Maria Navalha, Maria Mulambo e outras Marias lésbicas tecem uma teia para guardar a navalha, por debaixo da roupa. As Marias cujos corpos são continuamente violentados pelo patriarcado, pelo sexismo e pela lesbofobia, navalhavam suas experiências, identificando as opressões. A teia tecida pelas aranhas também remenda coletivamente os corpos dilacerados pelas opressões, de modo a se reerguerem e se reencantarem pelas ruas.