Reivindicação étnica guarani em Corrientes (Argentina): “processos de esterización” e novos regimes de memória.
Reivindicação étnica. Guarani em Corrientes; Processos de esterización. Fronteira; Regimes de memória
Neste trabalho, analiso a reivindicação étnica guarani na província de Corrientes no decorrer do "processo de esterización", a partir dos anos 90. Entendo esse processo como uma prática de produção de fronteiras com a criação da região (Bourdieu, 1989) denominada “Esteros del Iberá”. Descreverei os processos, experiências e trabalhos de pesquisa a partir de uma abordagem reflexiva (Guber, 2001) que propiciou a construção da problemática, aliada a outras abordagens teóricas que fundamentaram a análise dos processos em foco. No primeiro capítulo, apresento as trajetórias dos interlocutores guaranis que fazem parte do processo de organização, apontando a heterogeneidade de experiências que compõem o processo de reivindicação étnica, retomando as discussões, conflitos, processos educativos e formativos que o constituem. No segundo capítulo, contextualizarei e descreverei os regimes de memória (Fabian, 2001) que entram em tensão a partir dos processos de reivindicação étnica, analisando as narrativas, símbolos, personagens e imaginários que são colocados em jogo em cada um deles. No terceiro capítulo, em virtude de ter uma visão mais abrangente do problema, caracterizarei o “processo de esterización”, descrevendo as agências, discursos e interesses que o constituem e as práticas de produção do Espaço, do Tempo e dos Outros para perpetuar e alimentar um projeto de modernidade. Em relação a este e como última agência a ser descrita, abordarei as experiências e práticas de resistência desenvolvidas pela Fe.Ca.Gua entendida como uma comunidade política (Weber, 1944) que atualmente possui cerca de 1500 famílias, as quais enfrentam cotidianamente práticas abusivas que procuram desloca-las compulsoriamente.