Prospecção de metabólitos secundários produzidos por fungos marinhos com atividade antifúngica.
compostos bioativos, biotecnologia, micro-organismos marinhos.
O ambiente marinho tem se tornado promissor na busca por substâncias químicas com potencial biotecnológico, farmacêutico e agrícola. Estas substâncias complexas são produzidas muitas vezes por micro-organismos associados aos invertebrados marinhos (corais e esponjas), destacando-se os fungos filamentosos. Este grupo de micro-organismos tem mostrado potencial por possuírem rotas bioquímicas peculiares capazes de sintetizar metabólitos característicos ou específicos de uma espécie. Esses produtos naturais conferem propriedades antifúngicas, antimicrobianas, antioxidante, anti-inflamatória, antivirais, entre outros. Logo, o objetivo desse trabalho foi fazer uma revisão sistemática sobre fungos marinhos e metabólitos secundários com atividades biológicas e investigar o potencial biotecnológico de fungos filamentosos associados a invertebrados marinhos de Maceió/AL com atividade antifúngica contra agentes infecciosos. A revisão sistemática foi realizada através de buscas de palavras chave como “marine fungi”, “antifungal”, “secondary metabolite” e “natural products” nas bases de dados Pubmed e Science Direct, obtendo 19 artigos publicados entre os anos de 2015 e 2020 que descrevem 84 metabólitos produzidos fungos marinhos. O potencial biotecnológico foi verificado a partir da produção de extratos brutos de 16 fungos, coletados no recife de coral da Praia de Ponta Verde, Maceió-AL. Para a obtenção dos extratos fúngicos, os mesmos foram cultivados. Após cultivo de 7 dias em meio Ágar Batata Dextrose (BDA), seguido de um segundo cultivo de 14 dias em meio líquido composto por glicose 1%, extrato de levedura 0,1%, cloreto de potássio 0,1%, cloreto de sódio 0,1%, o sobrenadante e o micélio dos fungos foram extraídos com acetato de etila, gerando uma fração orgânica e aquosa. Posteriormente foram analisados através da técnica de Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) para analisar a sensibilidade dos micro-organismos aos antimicrobianos. Extratos brutos de dez fungos marinhos apresentaram atividade antifúngica contra a levedura Candida haemulonii, cinco contra Candida albicans, dois contra Cryptococcus gatti e 10 contra Cryptococcus neoformans. Dois dos extratos dos fungos ativos foram fracionados com metanol, acetonitrila e água e testados novamente pelo método CIM. Os fungos C. neoformans ATCC 40283 e C. albicans ATCC 90028 foram inibidos por todas as frações testadas apresentando CIM entre 0,5-2 µ/mL, demonstrando que os compostos bioativos derivados de micro-organismos marinhos possuem potencial antimicrobiano e biotecnológico.