Uso de Medicamentos e Substâncias Psicoativas por Estudantes da UFAL Durante a Pandemia de COVID-19
Estudantes universitários. COVID-19. Medicamentos psicotrópicos. Substâncias psicoativas. Toxicologia psicossocial.
A Pandemia causada pelo SARS-CoV-2 é considerada o maior problema de saúde pública enfrentado pela humanidade nesse século. Tem sido a responsável por provocar importantes mudanças no estilo de vida, nas relações interpessoais refletindo em aumento da violência doméstica, acidentes de trânsito, do desemprego, dos problemas psicológicos, alterações no consumo indevido e indiscriminado de drogas lícitas, ilícitas, e medicamentos, redução da qualidade de vida e bem estar, bem como redução da produtividade e escolaridade. Os estudantes compõem um segmento da população com considerável vulnerabilidade ao uso de substâncias psicoativas. Esse tema é alvo de pesquisas, pois o consumo de substâncias psicoativas pode impactar a vida acadêmica e pessoal do estudante. O objetivo do estudo é determinar o perfil dos estudantes da Universidade Federal de Alagoas, no âmbito da Toxicologia Psicossocial, quanto ao uso e padrão local de uso de substâncias psicoativas (lícitas, ilícitas e medicamentos), considerando a pandemia causada pelo novo coronavírus. Trata-se de um estudo quantitativo descritivo. Para a elaboração da pesquisa foram utilizados os instrumentos de triagem, AUDIT e ASSIST, direcionados aos graduandos, que permitiu a aplicação remota de um questionário. A análise estatística foi realizada com o auxílio do programa EpiInfo 7. Foi realizada a análise univariada para a descrição de variáveis quantitativas ao perfil social e de formação. Análise bivariada para identificação de associação entre as substâncias psicoativas e as variáveis sociais e de formação, com teste de Qui-quadrado e significância de 5%. Foram obtidas 256 respostas. Quanto ao AUDIT, 68,01% dos estudantes, referiram consumir álcool, com 6,64% apresentando comportamento sugestivo de abuso. Dos pesquisados, 14,69% informaram não conseguir parar de beber uma vez tendo começado. Observou-se mudanças no comportamento, sentimento de culpabilidade, e incapacidade de lembrar-se de fatos ao beber, além de uma tendência de aumento de uso de álcool em ambos os sexos durante a pandemia. O ASSIST apontou tendência de aumento do uso de derivados do tabaco, álcool e maconha, além do relato de significativo de consumo de antidepressivos e ansiolíticos. Reportado também o uso de cocaína/crack, anfetaminas, inalantes, sedativos e alucinógenos. Identificada uma relação entre os cursos da área de exatas e o aumento do uso de derivados do tabaco [(18,87%) p=0,0391], maconha [(20,75%) p=0,0066], ansiolíticos [(13,21%) p=0,9946], da área de humana e aumento do consumo de hipnóticos/sedativos [(11,58%) p=0,0202] e antideressivos [(18,95%) p=0,0489]. Assim, a pesquisa apontou uma diversificação no uso de substâncias psicoativas entre os universitários e a contribuição para traçar um perfil de consumo a fim de apoiar a elaboração de políticas internas voltadas aos graduandos quanto ao enfrentamento do uso dessas substâncias no meio acadêmico.