Entre poesia e cotidiano: o aberto da linguagem através do poético no pensamento de Heidegger
Cotidiano, Aberto, Abertura, Linguagem, Verdade.
Este trabalho visa discutir o lugar do poético na linguagem. Viso relacionar o II Wittgenstein com o I Heidegger a fim de compreender a natureza da linguagem: Wittgenstein assume a linguagem a partir de uma condição de uso e Heidegger estabelece valoração ontológica e originária da linguagem a partir da fala. Também demonstrarei pontos de encontros entre o I Heidegger e o II Wittgenstein a partir das analises de Thiago Aquino. Para Aquino, o cotidiano e o protagonismo da linguagem são basilares para relacionar os autores. Distancio-me da hipótese de Aquino de que existia hermenêutica na investigação de Wittgenstein. A investigação pragmática e condicionada aos usos impede, a meu ver, tal hipótese. Feito tais distinções demonstrarei, a partir de Heidegger, como as condições de usos são limitantes para compreender o caráter da linguagem. Mesmo em Ser e Tempo, tacitamente, pode-se notar tal crítica. Entretanto, depois da virada de seu pensamento tais críticas ficam nítidas. Heidegger afirma que a poesia é o local da fala autêntica, portanto, os homens devem escutar sobre o que falam os poetas. A fala poética é para Heidegger fala de abertura, nomeação e fundamentação. A poesia é abertura porque nomeia a verdade do ser e como consequência fundamenta o real esquecido na mediania da fala usual e vida cotidiana. Irei escutar a poesia de René Char. Dois pontos são fundamentais na escolha de Char: 1) A poesia de Char demonstra a essência do aberto. O aberto, em sua poesia recolhe através do tom sentencial e do silêncio. 2) Blanchot dirá que as palavras da poesia de Char são neutras ou se avizinham ao neutro. Utilizo a tese de Blanchot para denotar a insuficiência dos usos para compreender a natureza da linguagem. Por fim, irei estabelecer as relações entre Heidegger e Char sobre a verdade.