A noção de jogos em Heidegger e Wittgenstein. Semelhanças e dessemelhanças
Ontologia; Linguagem; Jogos; Ser-no-mundo; Forma de vida;
A presente dissertação tem o intuito de expor o conceito de Jogos (Spiele) em Heidegger e
Wittgenstein apontando semelhanças e dessemelhanças nas abordagens dos autores. Em
Heidegger, o conceito é apresentado nas aulas de inverno de 1929 em Freiburgo, que tem o
título de Introdução à Filosofia. Para Heidegger, os jogos visam explicitar uma dinâmica de
interação fática com os entes no interior do mundo, donde descendem as aberturas da:
Compreensão, disposições de ânimo e linguagem, isto é, entender seus jogos significa
remontar preliminarmente um terreno de práticas ônticas e ontológicas, que atesta a
precariedade da linguagem para dizer o ser e, ao mesmo tempo, funda uma experiência
originária e cotidiana com o mesmo em uma dinâmica formativa de jogo. Para Wittgenstein,
os jogos visam explicitar os variados usos que podemos fazer da linguagem no cotidiano, com
o “conceito de contornos imprecisos” de Jogos, o austríaco mostra de forma explícita, nas
Investigações Filosóficas (1953), o ambiente múltiplo de interações linguísticas que nunca se
desprendem de outras atividades ou amplos modelos de ação. De modo geral, temos, para
Heidegger, um conceito que recupera uma sistemática de práticas existenciais delineadas em
Ser e Tempo (1927), que servem para compreendermos a formação do Ser-no-mundo; e, para
Wittgenstein, um conceito que envolve, indiscriminadamente, na práxis da linguagem,
aspectos práticos predeterminantes e inerentes a uma forma de viver em comunidade que se
interligam a linguagem em ação. Estas características gerais são melhores compreendidas no
curso da apresentação dos jogos nos autores, que em parte, aproximam-se e se distanciam, nas
descrições do que significa jogar, seguir uma regra e estar imerso em um contexto linguístico
ou de afinação. Enfim, nosso trabalho alcançará seu objetivo máximo, ao tentar pensar
comparações conceituais aliado a ponderações críticas sobre o uso do conceito entre nossos
filósofos.