Força de preensão manual e área muscular do braço corrigida como fatores de risco para desfechos clínicos e mortalidade em pacientes com doença renal crônica em hemodiálise
Doença Renal Crônica. Hemodiálise. Hospitalização. Mortalidade. Doenças cardiovasculares.
INTRODUÇÃO: A doença renal crônica (DRC) afeta negativamente a saúde muscular com consequente aumento da fragilidade. Especialmente em pacientes submetidos à hemodiálise (HD), fatores peculiares da patologia e do processo dialítico favorecem o declínio do estado nutricional, maior fragilidade e risco de quedas e fraturas nestes pacientes, impactando negativamente na qualidade de vida e contribuindo para um pior prognóstico. OBJETIVOS: Investigar a associação da força muscular e massa muscular reduzidas em portadores de DRC em HD e seu impacto como fator de risco para hospitalizações, eventos cardiovasculares e mortalidade. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de uma coorte prospectiva, realizada com 300 pacientes entre 18 e 80 anos, em HD crônica. A força muscular foi aferida através da força de preensão manual (FPM) e a massa muscular pela equação estimativa da área muscular do braço corrigida (AMBc). Os pacientes foram classificados com FPM reduzida quanto FPM<26kg para homens e <16kg para mulheres. Foram classificados com depleção muscular pela AMBc aqueles que apresentaram valores ≤percentil 15 conforme sexo e faixa etária. Os pacientes foram acompanhados por um período mínimo de 9 meses, para observação da incidência dos desfechos clínicos investigados. Para análise da associação entre FPM e AMBc reduzidas e desfechos clínicos, utilizou-se a curva de sobrevida de Kaplan-Meier e o teste de logrank. Realizou-se ainda uma análise multivariada por meio do modelo de regressão de riscos proporcionais de Cox apresentados como razão de risco (RR) com intervalos de confiança de 95% (IC 95%) e considerados significativos quando p<0,05. RESULTADOS: A FPM reduzida associou-se significativamente com o Índice de Massa Corporal (IMC) e o tipo de acesso vascular (p=<0,05). A AMBc reduzida também esteve associada com o IMC (p=0,015), além do maior tempo HD (p<0,001). Conforme análise de regressão, evidenciou-se que a FPM e AMBc reduzida apresentaram-se como fatores de risco significativos para a incidência de hospitalizações (p<0,001) e eventos cardiovasculares (p=0,025). A AMBc reduzida este ainda fortemente associada ao aumento do risco relativo para mortalidade (p=0,020). CONCLUSÃO: Pacientes com DRC em HD que apresentaram redução da força muscular e massa muscular aferidas pela FPM e AMBc possuem maior risco para a incidência de hospitalizações, eventos cardiovasculares e mortalidade quando comparados aos pacientes com FPM e AMBc normais.