Risco cardiovascular e sua correlação com biomarcadores inflamatórios na doença renal crônica dialítica.
Risco cardiovascular, doença renal crônica, inflamação, diálise, diabetes, obesidade, dislipidemia, ferritina, IL-6, TNFα, PCR.
INTRODUÇÃO: Pacientes submetidos à hemodiálise (HD) tem um risco cardiovascular (RCV) consideravelmente superior ao da população em geral, isto porque estes indivíduos acabam por apresentar alterações orgânicas e inflamatórias específicas, além de lesões induzidas pela terapia substitutiva. Nas pessoas com doença renal crônica (DRC), existe ainda um estado pró-inflamatório que contribui substancialmente para a ocorrência de eventos CV e que induz uma aceleração da aterosclerose. OBJETIVO: Analisar o RCV e sua correlação com marcadores inflamatórios em pacientes renais crônicos dialíticos. MATERIAIS E MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal, realizado em 3 hospitais terciários, da iniciativa pública e privada, com aplicação de questionários socioeconômicos e clínicos (sexo, idade, antecedentes, hábitos de vida), avaliação laboratorial (hemograma, função renal, perfil lipídico, proteína C reativa – PCR, ferritina), mensuração de citocinas inflamatórias (Interleucina 6 – IL-6 e fator de necrose tumoral alta – TNFα) e aferição do escore de risco cardiovascular (avaliação do escore de risco global – ERG). RESULTADOS: Total de 149 participantes com DRC em terapia renal substitutiva (TRS), com média de idade de 58 ± 15 anos, com 76 (64,4%) participantes do sexo masculino. A adequacidade da HD foi mensurada através do Kt/V, mostrando-se satisfatória na amostra. 81 (54,4%) eram diabéticos, 133 (89,3%) hipertensos e 32 (21,5%) obesos. 36 participantes eram sabidamente portadores de cardiopatias, além de 8 outros já terem apresentado eventos decorrentes de obstrução significativa. Os escores de RCV evidenciaram: 105 (70,5%) com alto risco e 44 (29,5%) de muito alto risco. O grupo de muito alto risco apresentou: média de idade mais elevada; maioria de idosos (56.8%) e diabéticos (86.4%); alto número de obesos (33.3% x 17,4%, p= 0,043); mais de 80% sem controle adequado dos níveis de c-LDL. O PCR, a IL-6 e o TNFα estiveram elevados mas não houve diferença estatística significativa entre os grupos. A ferritina esteve consideravelmente mais elevada no grupo de muito alto risco, 74% versus 27% (p< 0,001). Na análise combinada, ferritina x TNFα esteve mais elevada no grupo de muito alto risco. Ferritina x TNFα x IL-6 demonstrou a mesma tendência. A ferritina teve uma AUC-ROC (com intervalo de confiança de 95%) de 0,715 tendo assim uma boa medida de separabilidade no cut-off de 338,75ng/dL, com sensibilidade de 74,4% e especificidade de 76%. (p< 0,001). A regressão logística evidenciou que a ferritina está relacionada ao evento cardiovascular, com um odds ratio de 1,005 num intervalo de confiança de 95% (1,001 - 1,008), com p= 0,009. CONCLUSÕES: Neste estudo transversal, hipertensão, diabetes, obesidade e dislipidemia são os de maior impacto para eventos cardiovasculares. Quanto da correlação com os biomarcadores inflamatórios, a ferritina e a ferritinaxTNFα estão significativamente superiores naqueles indivíduos que tiveram algum evento cardiovascular.