RELAÇÃO ENTRE GRAVIDADE DO SENTIMENTO DE SOLIDÃO, DOR PSICOLÓGICA E IMPACTO NA VIDA DIÁRIA DE MULHERES COM FIBROMIALGIA
Gravidade do sofrimento, dor psicológica, fibromialgia
De acordo com o Colégio Americano de Reumatologia (American College of
Rheumatology – ACR), a Fibromialgia (FM) consiste em uma doença crônica e complexa,
caracterizada por dor de intensidade moderada a severa em pontos musculares específicos
(tender points). A prevalência da FM é de 2 a 5% da população, estimada no Brasil em 2,5%,
acometendo mais frequentemente mulheres com média de idade entre 30 e 50 anos, no entanto,
os sintomas podem surgir em qualquer idade. Comumente, está acompanhada por fadiga,
distúrbios do sono, cefaleia, disfunções sistêmicas como a síndrome do intestino irritável, cistite
intersticial; além de alterações cognitivas e psicológicas. A dor é o sintoma mais encontrado,
em sua maioria relacionada à alodínia e à hiperalgesia, sendo considerada um fator limitante
para realização de atividades de vida diária e profissional. Um estudo espanhol deste ano
percebeu que mulheres com FM apresentavam maior índice de alterações psicopatológicas,
como somatização, TOC, depressão e ansiedade quando comparadas àquelas que não possuíam
diagnóstico de FM. A depressão é a principal condição mental que afeta as pessoas que vivem
com FM, o que as leva à restrição das atividades e relações pessoais. (ANAYA et al., 2021;
CUYUL-VÁSQUEZ et al., 2021; GRAMINHA et al., 2021).
A Dor Psicológica (DP) também pode ser encontrada na literatura como dor mental,
sofrimento psíquico, dor psíquica, vazio ou perturbação interna. Sendo a DP compreendida
como um estado de consciência desagradável, resultante de experiências de perdas, que leva à
quebra da integridade individual e social. Além disso, durante um episódio depressivo a dor
psicológica já fora descrita como pior do que qualquer dor física que um indivíduo já sentira.
O conceito de solidão pode ser definido como uma percepção cognitiva de que os
relacionamentos sociais são insuficientes ou inadequados, o que resulta em uma sensação
afetiva de vazio ou tristeza. Em 1978, foi publicada a primeira versão da Escala de Solidão de
UCLA, a qual já demonstrava moderada correlação com a triagem para depressão, tendo
mostrado melhora nessa relação com sua versão mais atual, sendo uma das escalas mais
utilizadas (BARROSO et al., 2016; LUIS, 2016).