DESCOLONIZAÇÃO DO CURRÍCULO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA NO CURSO DE PEDAGOGIA À LUZ DOS DIÁRIOS DE CAROLINA MARIA DE JESUS
Carolina Maria de Jesus. Currículo. Descolonização. Ensino de Ciências. Sexualidade
Os diários publicados de Carolina Maria de Jesus é um caminho para a criação de alternativas pedagógicas de descolonização do currículo em Ensino de Ciências, bem como, em práticas de ensino que permita pensar sobre como o colonialismo se perpetua e aprofunda, desde o período do Brasil Colônia, até os dias atuais. É certo que, existe uma profunda ferida no currículo oficial, em virtude do sistema colonialista que provocou o epistemicídio e a pilhagem epistêmica da cultura de diversas sociedades que sofreram/sofrem com o processo de colonização. A colonialidade é uma consequência da imposição sofrida pelas colônias por um sistema de apagamento e negação dos saberes providos pelos povos africanos, afro-brasileiros e em diáspora. Sendo assim, a colonialidade perdura até os dias atuais, na medida em que, a construção das políticas de ensino foram pautadas pela visão do dominador – o colonizador – e isso determinou quais conteúdos deveriam ser ensinados e quais deveriam ser retirados do currículo a partir da concepção eurocêntrica. Essa pesquisa teve como objetivo geral investigar as possíveis contribuições dos diários publicados de Carolina Maria de Jesus para uma descolonização do currículo de ciências no curso de Licenciatura em Pedagogia, pela via da problematização da temática da sexualidade. Os objetivos específicos deram conta de: I) identificar a capilaridade do colonialismo na construção do currículo oficial do Ensino de Ciências Naturais no curso de Pedagogia; II) explorar situações-problemas que abordem a temática da “sexualidade” a partir dos diários publicados de Carolina Maria de Jesus, com vistas a descolonização do currículo de Ensino de Ciências no curso de Pedagogia; III) analisar as concepções das/os participantes da pesquisa acerca da temática da sexualidade no currículo para a formação dos sujeitos. A metodologia de pesquisa é de abordagem qualitativa, considerando que não se pretende medir ou tabular dados, mas, sim, defender uma proposta de ensino relacionado há um Ensino de Ciências a partir de uma concepção antirracista. Para isso, se utilizou de grupo focal para coleta de dados, visto que, foi aplicado uma sequência didática com uma turma do 7º período do curso de Licenciatura em Pedagogia da UFAL, em que, buscou-se na Análise Textual Discursiva os caminhos para análise dos dados coletivos. Todavia é pertinente reforçar que análise ainda está em processo de construção. Os resultados parciais dão conta de observar como as/os alunas/os percebem a temática que por inúmeras vezes está relacionada a ótica eurocêntrica, mas também é perceptível discursos que operam sobre uma descolonização da temática.