Carbono orgânico em agregados do solo de um Cambissolo em sistemas de integração pecuária-floresta no semiárido do Ceará
Agregados do solo; Estoque de C; Estrutura do solo; Mudança no uso da terra; Semiárido; Sistemas integrados.
No semiárido brasileiro, predominam os sistemas tradicionais de agricultura e pecuária. Essas mudanças no uso da terra contribuem para a degradação do solo, ocasionando a destruição dos agregados do solo, expondo a matéria orgânica e resultando na perda do carbono do solo. Com isso, soluções baseadas na natureza estão sendo estudadas e implementadas com o objetivo de promover uma agricultura mais sustentável. Um exemplo são os sistemas integrados de produção, um modelo que tem proporcionado uma sustentabilidade na agricultura e o aumento da produtividade, além de minimizar as emissões dos GEE. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da adoção dos sistemas integrados Pecuária-Floresta (IPF) no semiárido brasileiro por meio da estruturação física do solo em diferentes espaçamentos e profundidades, com a implementação de diferentes culturas, tendo como referência a vegetação nativa (Caatinga).O estudo foi conduzido na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão do IFCE do Ceará, Campus Limoeiro do Norte. Os sistemas avaliados consistiram em seis áreas, os tratamentos analisados foram em quatro áreas cultivadas: sorgo, palma forrageira, capim massai e capim buffel, implantadas entre faixas de vegetação nativa (FxVN) com diferentes espaçamentos de 7, 14 e 28 metros (E7, E14 e E28). Esses sistemas foram comparados com uma área de vegetação nativa (VN) que foi utilizada como referência. As amostras de solo foram coletadas até profundidades de 0-50 cm. Foi avaliada a distribuição de agregados estáveis em água considerando as seguintes classes de diâmetros: macroagregados (>2,00 mm), mesoagregados (2,00-0,25 mm) e microagregados (0,25-0,05 mm). Foram calculados o diâmetro médio ponderado (DMP), diâmetro médio geométrico (DMG), o índice de estabilidade dos agregados (IEA) e o índice de sensibilidade (IS), além do COS associados aos agregados. Este estudo compreende dois capítulos. No Capítulo 1, as análises de estabilidade de agregados nos espaçamentos de 7, 14 e 28m, mostraram diferenças significativas (p < 0,05) entre os sistemas de IPF quando comparado com à área da VN. A distribuição das classes de agregados indicou predominância nos mesoagregados, seguido dos macroagregados, e, por fim, dos microagregados, independentemente do uso da terra e das camadas avaliadas. O E28 demonstrou maior estabilidade na distribuição dos agregados, especificamente nos sistemas integrados com capim buffel e o sorgo. O DMP e o DMG mostraram resultados semelhantes entre os sistemas de IPF, a VN e FxVN, principalmente nos espaçamentos de 7 e 14m. Os maiores IS foram observados na camada de 30-50 cm, em todos os espaçamentos, exceto nos sistemas com capim massai nos espaçamentos de 7 e 28 m. No capítulo 2, a VN e os sistemas de IPF apresentaram maior estoque de carbono nos mesoagregados, principalmente no E28 com os sistemas integrados com capim buffel, massai e sorgo. Para o espaçamento de E7, apenas a VN nas camadas de 0-10 cm e 30-50 cm apresentou maior estoque de COS do que os demais sistemas analisados. Conclui-se que o estoque de carbono ocorre majoritariamente nos mesoagregados, e os sistemas IPF são uma alternativa sustentável para melhorar o estoque de carbono do solo no semiárido brasileiro, promovendo práticas agrícolas com menos impacto.