DINÂMICA DO CARBONO DO SOLO EM PASTAGENS E SISTEMAS DE INTEGRAÇÃO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO
matéria orgânica do solo; semiárido; pastagem; manejo do solo; emissão de gases do efeito estufa; mitigação.
O semiárido brasileiro enfrenta graves problemas de degradação do solo. A substituição da vegetação nativa da Caatinga por áreas de agricultura e pastagens, quando realizada de forma inadequada, provoca a degradação física, química e biológica do solo. Por outro lado, essa região pode ser considerada um depósito significativo de carbono orgânico do solo (COS), ainda pouco conhecido e explorado. Diante disso, este trabalho teve como objetivo avaliar os impactos da conversão da vegetação nativa para áreas de pastagens bem manejadas, degradadas e consorciadas com palma forrageira, bem como áreas de integração pecuária-floresta, sobre os estoques de COS no semiárido brasileiro. Para isso, foram analisados os estoques de COS e os compartimentos da matéria orgânica do solo (MOS), incluindo a matéria orgânica particulada (MOP) e a matéria orgânica associada aos minerais (MOAM). As amostras de solo foram coletadas em dois locais. No município de Sumé-PB, foram realizadas sob diferentes sistemas de uso do solo: vegetação nativa da Caatinga (VN), integração pecuária-floresta (IPF) com moringa integrada com gliricídia (IMG), e pastagem bem manejada (Pbm). Já no município de Cacimbinhas-AL, as amostras foram obtidas em uma área de vegetação nativa da Caatinga (VN), pastagem bem manejada (Pbm), pastagem degradada (Pdeg), e uma área de palma forrageira consorciada com capim-buffel (PaCb). Em Sumé-PB, a coleta foi realizada em trincheiras com dimensões de 60 × 60 × 100 cm, nas camadas de 0-10, 10-20, 20-30, 30-50, 50- 70 e 70-100 cm. Em Cacimbinhas, a coleta foi realizada nas camadas de 0-10, 10-20, 20-30 e 30-50 com. Foram determinados os estoques de COS, o fracionamento físico da MOS, a densidade do solo, a granulometria e a caracterização química do solo. Brevemente, os resultados para os estoques de COS indicaram que a conversão da vegetação nativa para áreas agrícolas e de pastagem, independentemente do manejo adotado, reduziu o estoque de COS entre 9% e 78% em Sumé e entre 26% e 59% em Cacimbinhas. As alterações nos compartimentos da MOS demonstraram, de forma geral, reduções entre 17% e 68% para a MOP, e entre 10% e 82% para a MOAM.. Desta forma, a redução nos compartimentos da MOS impacta negativamente a qualidade do solo, pois provoca alterações em propriedades essenciais, como a diminuição da MOP e da MOAM, que desempenham papéis fundamentais na fertilidade, na estrutura e na capacidade de retenção de água do solo. Esses efeitos foram corroborados por índices como os valores elevados de grau de compactação do solo (GCS), menores índices de manejo de carbono (IMC) e menores valores do índice de estabilidade estrutural (IEE). No entanto, a conversão VN-Pbm em Sumé, apesar da redução no estoque de COS, resultou em um aumento entre 16% e 133% no C-MOP e menores perdas de C-MOAM.
De modo geral, essa conversão proporcionou melhorias nas propriedades do solo, como incremento de C na MOP e menor densidade do solo, evidenciado por um menor GCS e um maior IMC, embora tenha apresentado baixos valores de IEE. A densidade do solo em Cacimbinhas apresentou valores próximos aos da vegetação nativa, independentemente do manejo adotado. Em contraste, em Sumé, a conversão da VN para áreas agrícolas e de pastagem reduziu a densidade do solo, com destaque para a Pbm, que apresentou valores significativamente menores do que os da VN. No entanto, esses resultados não são um consenso, visto que alguns estudos, as áreas de pastagem e agricultura apresentaram valores de densidade do solo superiores aos da vegetação nativa.