Caracterização biomorfométrica de sementes e plântulas e condicionamento de sementes de jurema preta Mimosa tenuiflora Willd. por ciclos de hidratação-desidratação e sua tolerância a estresses abióticos no processo germinativo
Jurema preta. Sementes florestais. Condicionamento fisiológico de sementes.
Mimosa tenuiflora Willd., presente nos biomas Cerrado e Caatinga, é conhecida popularmente como jurema preta. É uma espécie pioneira pertencente à família Fabaceae. Esta é de grande valoração ecológica e econômica, social e medicinal. Assim como muitas espécies, esta se propaga via semente e por este motivo faz-se necessário estudar quais os impactos os fatores abióticos causam na germinação das sementes de jurema preta. Existem alguns fatores que impactam diretamente a germinação de uma semente, tais como a disponibilidade de água, oxigênio e temperatura. Esta espécie pertencente à um bioma mais seco e portanto pode passar por ciclos de hidratação/desidratação na natureza, devido às chuvas irregulares em seu bioma de origem. Tais ciclos de HD proporcionam maiores chances de sobrevivência às sementes, fazendo com que estas desenvolvam uma memória hídrica. Diante disto e das condições climáticas desfavoráveis as quais as sementes são expostas, o objetivo deste trabalho foi analisar o processo de hidratação descontínua em sementes de Mimosa tenuiflora Willd e seus efeitos nos processos de germinação diante de estresses abióticos. Além de avaliar o desenvolvimento pós-seminal de plântulas de jurema preta. A pesquisa foi conduzida no Laboratório de Propagação de Plantas pertencente ao Centro de Engenharias e Ciências Agrárias (CECA), utilizando sementes obtidas de frutos maduros colhidos vindos da Paraíba. Após a colheita, procedeu-se a extração manual das sementes, as quais foram armazenadas em câmara seca a 20º C e 55% de umidade relativa até o início dos testes. Por ocasião da colheita e dos testes, determinou-se o teor de água da semente e o peso de mil sementes. Para avaliar as características da semente, foi realizada a biometria das mesmas, bem como o desenvolvimento pós-seminal. Também foi determinada a marcha de absorção de água da semente e a curva de desidratação para definir o melhor tempo de hidratação e desidratação das sementes de jurema preta. Estabelecidos os tempos de Hidratação/desidratação, as sementes passariam por ciclos de HD (0, 1, 2 e 3) e foram separados os lotes de sementes que passariam por estresse térmico (10, 15, 20, 25, 30, 35, 40 e 45 °C), estresse hídrico osmóticos (0,0; -0,3; -0,6; -0,9 e -1,2 e -1,5 MPa) e estresse salino osmóticos (0,0; -0,3; -0,6; -0,9 e -1,2 e -1,5 MPa) para realização dos testes de germinação. Ao final dos testes de germinação, foi realizado o teste dos comprimentos de plântulas e massa seca de plântulas. Observou-se que pelos testes de caracterização biométrica foi possível observar que as sementes de Jurema preta são ortodoxas e sua germinação é do tipo epígea. Pela determinação da curva de absorção determinou-se o período de hidratação de cada ciclo que seria de 5h. Pela curva de desidratação determinou-se o período de secagem que seria de 11h. Após a realização dos testes de germinação de sementes submetidas ao ciclos de HD e estresse térmico foi possível observar que os ciclos de HD em sementes submetidas ao estresse térmico não são capazes de alterar seu comportamento germinativo quando as sementes são submetidas às mais diferentes temperaturas. Além disso, somente na temperatura de 30º C, que foi considerada ótima, os ciclos de HD foram capazes de acelerar o processo germinativo. Em sementes submetidas a estresse hídrico, os ciclos de HD não foram capazes de influenciar no crescimento das plântulas, além de que o IVG e o TMG foi mais elevado sob o potencial hídrico de 0,0 Mpa. Sementes submetidas a estresse salino tiveram um comportamento semelhante, onde o controle (0,0 Mpa) foi o unico capaz de manter os indices de velocidade de germinação altos em sementes que não foram submetidas a ciclos de HD.