ENSINANDO PARA O MERCADO: A (DES)EDUCAÇÃO BRASILEIRA EM TEMPOS DE CRISE ESTRUTURAL DO CAPITAL
Trabalho. Modo de Produção Capitalista. Educação. Educação Brasileira. Crise Estrutural do Capital.
A presente dissertação tem por finalidade investigar e demonstrar a função social desempenhada pela educação nos tempos hodiernos, refletindo acerca da estreita relação entre a educação formal burguesa e as necessidades requeridas pelo mercado capitalista. Pretendemos explicitar como o sistema sociometabólico do capital vem desenvolvendo a educação no Brasil ao longo das últimas décadas. Para tal, adotamos a perspectiva marxista como fundamental para realização de uma pesquisa voltada a superação das idiossincrasias que permeiam as abstrações isoladas e visões superficiais da realidade, realizando uma pesquisa bibliográfica e documental, recorrendo à literatura marxiana clássica, para apreender os fundamentos ontológicos do complexo da educação, do trabalho, do Estado e da sociabilidade capitalista, bem como, recuperamos os escritos de autores da tradição marxista que estudam temas referentes à questão da educação no Brasil. Dentre os autores utilizados na pesquisa bibliográfica destacamos: Karl Marx, Friedrich Engels, Lukács, István Mészáros, Leacook, Ponce, Enguita e os outros autores contemporâneos que seguem esta linha de pensamento. Desta forma, procuramos desenvolver um estudo que apreenda o referido fenômeno para além de sua imediaticidade, trazendo ao debate não somente as determinações do atual contexto histórico, mas analisando-o a partir dos fundamentos histórico-ontológicos que lhe dão concretude e efetividade ao longo da história. A nosso ver, o que constatamos na educação brasileira na atualidade tem raízes profundas que estão intrinsecamente atreladas ao processo de (re)produção do capital. Neste sentido, iniciamos nossa pesquisa a partir do estudo acerca dos fundamentos ontológicos do trabalho, enquanto modelo ineliminável de toda práxis social, e das especificidades do complexo da educação em seu sentido originário. Buscamos realizar uma exposição do potencial genuíno da educação, como um processo inerente ao humano, indissociável do trabalho e da construção do conhecimento. Apresentando como este complexo está ligado à formação integral do indivíduo, ao refletirmos sobre a educação nas comunidades primitivas. Revelando como, desde os primórdios da humanidade, a educação se manifestava como um instrumento de socialização, transmissão de saberes e valores, e preparação para a vida em comunidade. Neste limiar, consideramos ser elementar apreendermos o momento histórico em que a educação se distancia de seu sentido ontológico e como este movimento está atrelado ao surgimento da propriedade privada, das classes sociais e do Estado, desvelando as interlocuções existentes entre estes complexos com a subordinação do complexo da educação aos interesses da classe dominante. Assim, realizaremos as devidas conexões que articulam o processo de constituição e consolidação do modo de produção capitalista com a forma correspondente da educação no Brasil nos dias atuais, demonstrando a necessidade do capital de se apropriar de todas as dimensões da vida social e explorar, sob as mais diversas formas, o potencial econômico de cada uma delas. É, portanto, em meio a esse processo societário que podemos então situar, apreender e explicitar as determinações sócio-históricas que têm provocado, no atual contexto de crise, o processo de (des)educação no Brasil e como este tem se mostrado altamente funcional à reprodução do sistema do capital em tempos de crise estrutural.