A RETÓRICA DEMOCRÁTICA DA “LIBERDADE PARA TODOS”: contornos estruturais do domínio de classe na égide do Estado de direito.
PALAVRAS-CHAVE: Estado; democracia; emancipação política; luta de classe e capitalismo.
Esta tese tem o tema “A retórica democrática da ‘liberdade para todos’: contornos
estruturais do domínio de classe na égide do Estado de direito” e tem por objeto o limite
da liberdade da classe trabalhadora ditada pelo capital na democracia. Desta maneira, a
tese tem a finalidade de discutir, pela obra marxiana, a liberdade na democracia
condicionada pelo capital. Assim, Estado e capital enquanto complexos criam os
mecanismos que tornam a emancipação do trabalho inalcançável na democracia
burguesa. Considerando a relevância da discussão acerca da democracia
contemporânea, entendemos que a análise dela exige a apreensão dos elementos
estruturantes do Estado, uma vez que, este tem relação com a questão da emancipação
política e da emancipação humana, conforme afirmou Marx. Inicialmente, a pesquisa
buscou apreender os fundamentos teóricos que caracterizam o Estado e a democracia,
bem como, das categorias sociedade civil, emancipação política e a concepção marxiana
de emancipação humana somente possível noutra sociabilidade livre da exploração
humana, portanto, inteiramente oposta à concepção de liberdade preconizada nas
Declarações Universais dos Direitos Humanos. As categorias que subsidiaram o estudo
foram Estado, democracia, emancipação política, luta de classe e capitalismo. Esta tese
tem como fundamento o referencial crítico marxiano e como direcionamento teórico-
metodológico a pesquisa bibliográfica de caráter exploratório das obras de Marx, textos
de Mészáros, Lessa e Tonet e outros relacionados ao tema da pesquisa. Utilizamos
como técnica de estudo a análise imanente da obra de Marx “Sobre a questão judaica”,
buscando encontrar as mediações contidas na obra de 1844 para entender a democracia
contemporânea. A relevância do tema é que a problemática da desigualdade social
crescente exige resposta estatal e, ainda que existam direitos constitucionalmente
reconhecidos, estes não se efetivam, configurando um quadro caótico de violação e
perdas para a classe trabalhadora até os dias atuais. Isso põe em questão a ineficácia das
garantias constitucionais na democracia atual e requer uma investigação que desvele a
funcionalidade do discurso democrático na dominação/exploração da classe
trabalhadora e a retórica da “liberdade para todos/as”. Seguimos a hipótese de que o
Estado democrático está baseado nos mecanismos que impedem a realização da
liberdade para o trabalhador na sociedade burguesa e a submete aos ditames do capital
para responder ao questionamento: Sob quais condições está posta a liberdade do
trabalhador na democracia burguesa? E finalmente, sustentamos a tese de que o Estado
na democracia comporta em sua base estrutural - política, burocrática e jurídica - os
elementos alienantes que obscurecem as diferenças da liberdade para a classe
trabalhadora e para a classe burguesa. Logo, trata-se de uma cidadania que não
comporta a finalidade emancipatória. Portanto, é uma cidadania alienada porque,
baseada na abstração da autonomia cidadã e consolidada na manifestação da vontade,
do livre contrato e na subjetividade jurídica de sujeito de direitos, acaba se instituindo
formalmente num mecanismo de dominação de classe. Assim, a esfera política que
qualifica o indivíduo como cidadão é funcional à manutenção da exploração no regime
político democrático o qual tem se mostrado como o regime que melhor responde a
dinâmica imposta pela parceria Estado-capital. Por isso, afirmamos que o Estado é o
lócus onde se instaurou o processo de continuidade da dominação de classe.