Insetos na rede: como brasileiros se engajam com insetos na internet?
Entomologia, Interesse público, Redes sociais.
Vários fatores, como ampla distribuição geográfica, alta densidade populacional e
presença em áreas urbanas, tornam certas espécies mais detectáveis e, portanto,
mais interessantes para os humanos. Contudo, insetos e outros invertebrados são
frequentemente percebidos como menos atraentes devido a associações negativas
com ameaças à saúde e ao bem-estar humanos, resultando em sentimentos de nojo
e medo. Esses preconceitos refletem uma resposta adaptativa, mas ofuscam o valor
ecológico desses organismos, que muitas vezes permanece desconhecido.
Considerando os inúmeros serviços ecossistêmicos fornecidos pelos insetos, a
perda desses organismos é alarmante e exige ações imediatas para sua
conservação. No entanto, os investimentos financeiros em conservação
frequentemente favorecem espécies mais carismáticas, deixando insetos menos
atraentes e igualmente ameaçados de lado. Esse viés é evidenciado na baixa
visibilidade social dos insetos, que representa uma barreira significativa para sua
proteção. Nesta tese, investigamos a interação do público brasileiro com insetos,
destacando os aspectos de visibilidade e atratividade desses organismos na
perspectiva humana. No primeiro capítulo, analisamos a variação temporal do
interesse da população por grupos de insetos utilizando a plataforma Google
Trends, e descobrimos que, apesar da rica diversidade entomológica do Brasil, o
interesse público se mantém constante ao longo do tempo. No segundo capítulo,
examinamos o engajamento com fotografias de insetos no Flickr, observando um
declínio nas postagens ao longo do tempo e uma preferência por táxons
visualmente atraentes. Esses achados sugerem que, embora existam oportunidades
para a educação ambiental, a diminuição do conteúdo relacionado a insetos pode
comprometer os esforços de conservação. Assim, nossa pesquisa reforça a
necessidade de estratégias que promovam a valorização da entomofauna brasileira
e a formulação de políticas de conservação eficazes.