Efeitos do inseticida Sulfoxaflor e da sua formulação comercial no desenvolvimento embrio-larval do zebrafish (Danio rerio)
Ecotoxicologia, Poluição ambiental, Agrotóxicos, Peixes, Biomarcadores
O uso intensivo de agrotóxicos na agricultura moderna tem se consolidado como uma das principais ameaças à biodiversidade aquática, especialmente em ecossistemas de alta sensibilidade e riqueza biológica, como os encontrados em diversas regiões tropicais. Entre esses compostos, o inseticida Sulfoxaflor (SFX), pertencente à classe dos sulfoximinas e introduzido recentemente no mercado como alternativa aos neonicotinóides, tem despertado atenção pela sua ampla aplicação, toxicidade em organismos não-alvo e pelo potencial para alcançar ambientes aquáticos. Estudo objetivou avaliar os efeitos ecotoxicológicos do SFX, tanto em sua forma pura/ingrediente ativo (i.a.) quanto em uma formulação comercial (Verter, Corteva®), sobre o desenvolvimento embrionário do zebrafish (Danio rerio). O teste de embriotoxicidade foi realizado com seis concentrações (0,4; 4; 40; 400; 4.000 e 40.000 µg/L) e com os devidos grupos controles, com base em valores de relevância ambiental relatados para compostos da mesma classe, ao longo de 96h e com exposição semi-estática, sendo avaliados parâmetros letais, subletais, cardiotoxicidade, neurotoxicidade e avaliação biométrica. Os resultados revelaram que, embora o ingrediente ativo puro não tenha causado mortalidade significativa nem afetado a taxa de eclosão nas concentrações testadas, foram detectadas redução na frequência de contrações espontâneas e no número de batimentos cardíacos a partir de 400 µg/L. Já o inseticida à base de SFX demonstrou maior toxicidade, também induzindo alterações em parâmetros subletais, como o aumento dos batimentos cardíacos desde as menores concentrações testadas, além de neurotoxicidade e diversas alterações morfológicas. Esses achados evidenciam que o inseticida à base de SFX possui maior toxicidade do que o ingrediente ativo isolado, indicando que os aditivos presentes no produto podem potencializar os efeitos adversos. A pesquisa reforça a importância da avaliação ecotoxicológica de formulações comerciais de agrotóxicos em organismos aquáticos, especialmente no que se refere à sensibilidade de biomarcadores subletais.