MUDANÇAS CLIMÁTICAS E PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NO CONTEXTO FAMILIAR DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: UM OLHAR PARA A AGRICULTURA E O EXTRATIVISMO
Adaptação climática; Insegurança Climática; Resiliência socioecológica; Segurança Alimentar e Nutricional
As mudanças climáticas intensificam os riscos enfrentados por agricultores familiares e extrativistas, ameaçando a biodiversidade e a segurança alimentar. Este estudo propõe que, mesmo que ambos as atividades sejam suscetíveis a perdas futura, a agricultura enfrenta as perdas mais acentuadas no semiárido, com base nas seguintes hipóteses: H1 – o extrativismo é menos vulnerável a variações climáticas do que a agricultura no contexto do semiárido brasileiro. A coleta de dados foi realizada por meio de dez oficinas participativas com comunidades rurais dos municípios de Delmiro Gouveia, Inhapi e Belo Monte (AL), totalizando 105 participantes. Os dados foram analisados de forma quali-quantitativa. Para os principais produtos da agricultura e extrativismo em cada comunidade, foi calculado um Índice de Perda Relativa de Produtividade (IPRP) em anos excessivamente chuvosos e secos, seguido de um Modelo de Efeitos Mistos Bayesiano para comparar as duas atividades. De modo geral, o extrativismo apresentou valores de IPRP menores do que a agricultura em ambos os cenários (seca e excesso de chuva). Os achados desta pesquisa indicam que, embora a produção de espécies alimentícias esteja comprometida pela crescente imprevisibilidade climática, as comunidades rurais do semiárido alagoano respondem de forma ativa aos impactos dessas alterações, mobilizando estratégias baseadas no conhecimento tradicional.