Como as barreiras biogeográficas moldam a divergência dos otólitos em espécies de Cynoscion?
Peixes, Scianidae, morfologia, biogeografia
Os otólitos são estruturas fundamentais para a compreensão da evolução e da ecologia dos peixes, pois sua forma integra sinais genéticos, ecológicos e ambientais. Neste estudo, investigamos a morfologia dos otólitos em nove espécies do gênero Cynoscion, distribuídas entre províncias do Atlântico e do Pacífico, utilizando abordagens de morfometria geométrica combinadas com referenciais filogenéticos e biogeográficos. Nossas análises revelaram variação interespecífica significativa na forma dos otólitos, com as espécies do Pacífico agrupando-se morfologicamente, enquanto as espécies do Atlântico apresentaram maior divergência, sobretudo entre táxons simpátricos. As distâncias morfológicas variaram de acordo com o tipo de barreira que separa as espécies, com maior divergência em simpatria e diferenças significativas entre os conjuntos do Pacífico e do Atlântico, moldadas pelo surgimento do Istmo do Panamá. Além disso, foi observada uma relação não linear entre as distâncias genéticas e morfológicas, refletindo a influência conjunta de restrições filogenéticas e seleção ecológica. Esses achados destacam como a morfologia dos otólitos pode rastrear tanto processos históricos de vicariância quanto interações ecológicas em curso, oferecendo uma ferramenta poderosa para compreender os processos de diversificação em peixes marinhos.