DIMENSÕES DA DIVERSIDADE E VULNERABILIDADE DE COMUNIDADES DE MACROINVERTEBRADOS DE BANCOS DE LAMA DA PESCA DE ARRASTO DE CAMARÃO
Diversidade funcional, epifauna, infauna, pesca de arrasto de camarão, comunidades bentônicas, características biológicas.
O primeiro capítulo desta dissertação analisou a comunidade epifaunal em fundos lodosos tropicais da plataforma continental rasa do Nordeste do Brasil, sujeitos à pesca de arrasto de camarão por diferentes frotas. O estudo comparou as estruturas taxonômicas e funcionais em duas profundidades (10 e 20 m) e dois períodos sazonais (estações seca e chuvosa). A amostragem foi realizada em duas áreas de pesca distintas, e características funcionais como mobilidade, hábitos alimentares e características morfológicas foram avaliadas. As comunidades epifaunais foram dominadas por espécies de superfície, com conchas duras e necrófagas — características indicativas de resistência física. A estrutura taxonômica foi influenciada principalmente pela sazonalidade, com maior diversidade durante a estação chuvosa, enquanto a estrutura funcional foi mais afetada pela localização do sítio. Esses padrões sugerem que variações oceanográficas sazonais (por exemplo, temperatura e salinidade) moldam a composição taxonômica, enquanto a pressão crônica da pesca desempenha um papel central na estruturação de características funcionais, indicando baixa redundância funcional e alta vulnerabilidade a perturbações. No segundo capítulo foi investigada a estrutura funcional das comunidades de epifauna infauna em apenas uma das áreas de pesca investigadas no capítulo anterior. Foram calculados índices de diversidade funcional para ambas as comunidades e atribuídos escores de vulnerabilidade à perturbação física, a partir dos traços funcionais das espécies (mobilidade, tipo de alimentação, tamanho corporal e fragilidade). Foram ainda aplicadas análises multivariadas (PERMANOVA). A epifauna se caracterizou por maior redundância funcional sendo dominada por traços tolerantes ao impacto físico da rede no fundo, entretanto apresentou ainda valor alto para o índice de vulnerabilidade funcional (FVuln). A infauna apresentou maior diversidade e equitatividade funcional (RaoQ e FEve) e menor redundância, indicando maior vulnerabilidade à perda funcional. As entidades funcionais mais abundantes apresentaram escores de vulnerabilidade baixos (S3), sugerindo pressão seletiva do arrasto e favorecimento de espécies com traços tolerantes. No geral, os resultados indicam que tanto as comunidades epifaunais quanto as infaunais são afetadas pelo arrasto crônico, embora de maneiras diferentes, ressaltando a necessidade de estratégias de manejo direcionadas para preservar a funcionalidade do ecossistema.