Manejo de bse comunitaria do pirarucu assegura a proteção de grandes areas de floresta de varzea na amazonia brasileira
Gestão baseada na comunidade, cogestão, proteção ambiental, Amazônia, desenvolvimento sustentável, floresta tropical, co-manejo
O envolvimento das comunidades locais na protecção e utilização sustentável dos recursos naturais é uma estratégia promissora para a gestão dos recursos naturais e a conservação da biodiversidade nos países tropicais em desenvolvimento. A chamada conservação de base comunitária (CBC) ganhou força particularmente na Amazônia brasileira devido ao seu potencial de combinar proteção territorial, bem-estar local e conservação da biodiversidade. Um dos principais desafios das iniciativas de cooperação transfronteiriça é garantir que o fardo económico enfrentado pelas comunidades locais na implementação de medidas de conservação seja adequadamente compensado. Os programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) podem oferecer uma solução viável para este desafio. Aqui, avaliamos a pegada de proteção e a dinâmica de vigilância do maior arranjo de conservação de base comunitária na cogestão do pirarucu gigante na Amazônia brasileira. Especificamente, investigamos a relação entre custos de vigilância, pressão antrópica e abundância de peixes através de mapeamento participativo para diferentes formas de proteção territorial. Um Modelo Aditivo Generalizado foi utilizado para investigar a relação entre o custo da proteção, a distância até a cidade mais próxima e a densidade do pirarucu. As comunidades protegem em média 6,4 lagos (1 ± 13) com uma área média de 43,99 ha (±82,226 ha). As áreas de protecção efectiva são 54,5 vezes maiores que o tamanho da protecção directa, que é a área focal para o retorno financeiro através da co-gestão. A área funcional média é de 11.188 ha, 254,8 vezes maior que a área de proteção direta. O custo da vigilância territorial é de R$ 189,62 por ano (33.266,84 dólares/ano) para realizar a proteção efetiva de 2.346 ha. Nosso estudo destaca os esforços notáveis feitos pelas comunidades rurais na Amazônia para conservar os sistemas naturais e ressalta a importância de apoiar e expandir iniciativas de conservação baseadas na comunidade através de mecanismos como programas de PSA. Ao compensar as comunidades pelos seus esforços de conservação, tais programas podem melhorar a sustentabilidade e a viabilidade económica dos sistemas de co-gestão. Reconhecer e valorizar as contribuições das comunidades locais é crucial para alcançar uma conservação eficaz da biodiversidade e para promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia.