EFEITOS DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO DIRETO SOBRE A PARTICIPAÇÃO FEMININA NA FORÇA DE TRABALHO: EVIDÊNCIAS PARA A AMÉRICA LATINA E CARIBE
Inclusão de gênero, Investimento Estrangeiro Direto, Comércio Internacional, Mulheres.
Nas últimas décadas, a crescente demanda por igualdade de gênero impulsionou o debate sobre a inserção feminina no mercado de trabalho, especialmente em economias em desenvolvimento. Nesse contexto, esta dissertação tem como objetivo geral investigar os efeitos dos fluxos de Investimento Estrangeiro Direto (IED) sobre a participação feminina na força de trabalho em 21 economias da América Latina e Caribe, no período de 1991 a 2022. Especificamente, busca (i) identificar elementos teóricos e evidências empíricas sobre os determinantes da participação feminina; (ii) analisar a evolução da participação feminina na região em comparação com outras regiões; (iii) descrever comparativamente os indicadores socioeconômicos das economias selecionadas; (iv) medir os efeitos do IED sobre a participação feminina controlando fatores socioeconômicos e institucionais; (v) identificar os setores econômicos mais impactados; e (vi) avaliar os efeitos bilaterais do IED oriundo de países desenvolvidos. Para isso, utilizou-se uma abordagem quantitativa baseada em análise descritiva comparativa e estimações econométricas por meio do modelo Panel Autoregressive Distributed Lag (PARDL), além de modelos de efeitos fixos robustos para fluxos bilaterais de IED. Os dados abrangem o período de 1991 a 2022 para a análise agregada e de 2000 a 2022 para a análise bilateral. Os resultados apontam que o IED tem efeito positivo e estatisticamente significativo no aumento da participação feminina no mercado de trabalho, com impacto relevante apenas no longo prazo. No curto prazo, os impactos são nulos em todas as análises. Setorialmente, o setor de agricultura mostrou impacto negativo e o setor de serviços e da indústria não apresentaram resultados relevantes no que concerne a razão entre emprego feminino e masculino. Além disso, a análise bilateral revelou que os fluxos de IED de alguns países desenvolvidos (Países Baixos, Suíça e Estados Unidos) podem exercer efeitos negativos sobre a empregabilidade feminina. Esses achados indicam que a contribuição do IED para a inclusão feminina se consolida progressivamente, principalmente em contextos com condições institucionais e econômicas mais favoráveis. Assim, políticas que fortaleçam a qualidade institucional e incentivem práticas empresariais inclusivas são fundamentais para potencializar os efeitos positivos do IED na promoção da igualdade de gênero no mercado de trabalho.