COMUNICAÇÃO FACE A FACE NOS CASOS DE CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: CONSIDERAÇÕES SOBRE A MEDIAÇÃO DO OLHAR.
Transtorno do Espectro Autista; Comunicação face a face; Processos de Significação.
Apresentamos aqui uma proposta de pesquisa que tem como objetivo investigar o papel da mediação do olhar na comunicação faca a face de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A pesquisa proposta alinha-se com pressupostos da Psicologia Cultural. Nesta perspectiva, o desenvolvimento humano se revela na história das interações de cada pessoa com o mundo, as quais são mediadas pela linguagem. De acordo com a Psicologia Cultural o princípio operante dessas interações são os processos de significação constitutivos de culturas coletivas e pessoais. Com essa perspectiva, investimos em uma alternativa ao predomínio de estudos que se dedicam à identificação de aspectos neurocomportamentais na comunicação nos casos de TEA. Justificamos a relevância dessa alternativa com base na complexidade do fenômeno da comunicação, que não pode ser tratado apenas como processos de natureza neurológica. Reconhecemos aqui as discussões sobre a ampla interdependência ativa entre falante, ouvinte e significação. Essa interdependência é preterida nas explicações mais tradicionais, que simulam a comunicação humana em programas de computadores. Observamos que essas explicações são resgatadas e referenciadas na maioria dos estudos que enfatizam os déficits de comunicação nos casos de TEA. Os participantes da pesquisa que propomos serão três crianças com o diagnóstico de TEA, que não fazem uso da fala. A análise será procedida a partir de registros em vídeos da interação dessas crianças durante atividades terapêuticas. Considerando-se que o nosso objeto de investigação é a mediação do olhar na comunicação, propomos uma análise microgenética, que consiste na observação das ações que compõem a interação, privilegiado-se as situações nas quais o olhar é o aspecto principal para a emergência da significação.