Inquérito Epidemiológico de Leishmaniose Visceral Canina da Unidade de Vigilância de Zoonoses de Maceió, Alagoas (2013 – 2021):Caracterização e avaliação da qualidade dos dados
Vigilância epidemiológica, incompletude de dados, saúde pública, controle de zoonoses.
A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma zoonose de importância global e segue sendo um importante desafio para a saúde pública no Brasil e no mundo. A aplicação de uma massiva vigilância epidemiológica para o controle efetivo da doença requer a coleta e o registro de dados que estejam completos e acurados a respeito dos casos. Entretanto, a ausência de sistemas nacionais e a incompletude dos dados referentes aos casos de LVC tem sido um problema recorrente, comprometendo a eficácia das políticas de controle. Este estudo objetiva caracterizar e avaliar a incompletude dos dados do banco de registros da LVC da Unidade de Vigilância e Zoonose do Município de Maceió, Alagoas, analisando suas causas e implicações para a gestão das ações de enfrentamento da doença. Foram analisados os dados referentes à investigação soroepidemiológica da infecção por Leishmania infantumchagasi em cães do município de Maceió, no período de 2013 a 2021. Os dados foram tabulados e avaliados os aspectos de ausência ou erro de informações críticas como: endereço, diagnóstico, desfecho, bem como a padronização dos registros. O estudo avaliou a qualidade e a incompletude dos dados referentes a 23.188 registros de cães. O banco de dados foi dividido em três blocos: "Bloco 1: Identificação" (dados do animal e tutor), "Bloco 2: Diagnóstico" (resultados de DDP e ELISA) e "Bloco 3: Desfecho" (informações sobre o destino dos animais). A incompletude foi verificada em campos em branco, respostas inadequadas ou divergentes. A soropositividade geral para LVC foi de 2,38% (542/22.696), com maior prevalência em 2014 (5,61 (161/2.865). O distrito sanitário 8, destacou-se com 2.091 amostras coletadas no de 2015 sendo 26,29% (810/3.081) do bairro de Riacho Doce, 12,26% (378/3.081) Ipioca e 11,65% (359/3.081) do bairro de Pescaria. Os resultados demonstram que a incompletude dos dados é frequente, podendo ser associada a fatores como falta de infraestrutura tecnológica, carência de formação continuada dos recursos humanos e falhas na interoperabilidade dos dados entre setores de saúde. Tal situação limita o monitoramento eficaz da LVC em Maceió, dificulta a avaliação epidemiológica precisa e impede o direcionamento adequado de intervenções eficientes de políticas de saúde. O estudo evidencia a necessidade da adoção de medidas que visam à melhoria da qualidade dos dados, a criação de sistemas de informações com compartilhamento de dados dos sistemas, capacitação de profissionais e a criação de protocolos padronizados para o registro de casos. A prática dessas medidas pode aumentar a eficácia das ações de controle e resultar na redução da incidência da LVC no município estudado.