Biodiversidade de crustáceos e monogenéticos provenientes de peixes do baixo rio São Francisco: um enfoque nas espécies com potencial para cultivo
biodiversidade, parasitos de água doce, peixes de cultivo, Nordeste
A parasitologia de peixes é uma importante área da biologia e das ciências veterinárias. Assim como existem diversas espécies de parasitos em outros tipos de hospedeiros, os peixes também possuem faunas parasitárias próprias, sendo parasitados por diversas espécies de diferentes grupos. Essa diversidade e abundância é maior do que em outras classes de vertebrados, pois os peixes viveram por um longo período de tempo em associação próxima com uma variedade de invertebrados. Devido a isso, peixes em ambientes naturais ou em ambientes de cultivo, marinhos ou de água doce, podem ser acometidos pelos parasitos, pois os ambientes aquáticos facilitam a sua transmissão, dispersão e sobrevivência de ovos e estágios de vida livre. Além disso, como sua distribuição geográfica é bastante vasta, é difícil encontrar uma espécie que não esteja parasitada por pelo menos um parasito, frequentemente estando parasitadas por diferentes grupos ao mesmo tempo. A piscicultura é uma atividade de interesse econômico que cresce cada vez mais no Brasil, amparada pelo grande potencial hídrico do país e pelas condições climáticas favoráveis, pois o pescado é uma das principais fontes de proteína para o ser humano, além de possuir uma das ictiofaunas mais ricas do mundo. Os produtores precisam garantir o bem-estar e desenvolvimento saudável do peixe e, consequentemente, a sua rentabilidade. Para isso, precisam de informações sobre o manejo dos peixes, com o objetivo de evitar ou amenizar problemas como o estresse, que podem prejudicar o cultivo. O baixo rio São Francisco é um local pouco estudado no que diz respeito à diversidade de parasitos e outros fatores associados, em comparação com outras regiões da bacia bem estudadas como o alto rio São Francisco. A fim de contribuir com o conhecimento, foi analisada a diversidade de crustáceos e monogenéticos de quatro espécies de peixes com potencial de cultivo, Prochilodus argenteus, P. costatus, Hoplias malabaricus e Cichla monoculus do baixo rio São Francisco, Penedo, Alagoas, Brasil. Do total de 58 espécimes de peixes necropsiados, 39 estavam parasitados com crustáceos e monogenéticos, sendo 4 de P. argenteus, 4 de P. costatus, 8 de C. monoculus e 23 de H. malabaricus. Apenas em C. monoculus não foram encontrados parasitos da classe Monogenea. Ambos os táxons estavam presentes nas outras espécies estudadas, parasitando mais de um espécime de peixe. Para o subfilo Crustacea foram encontrados espécies de Gauchergasilus euripedesi, presentes em C. monoculus, espécimes de Dolops intermedia presentes em P. argenteus e H. malabaricus, e espécimes de Argulus carteri, presentes em todos os peixes estudados. Para a classe Monogenea, foram encontradas Rhinonastes curimatae e Annulotrematoides bryconi em P. argenteus, Jainus sp. em P. costatus e Urocleidoides cuiabai e Anacanthorus sp. em H. malabaricus. Representam novos registros de hospedeiros a presença de A. bryconi, A. carteri e D. intermedia em P. argenteus; Jainus sp. em P. costatus, e A. carteri e G. euripedesi em C. monoculus. O restante dos parasitos encontrados representam novos registros de localidade.