Cortisol piloso em gatos domésticos:influência do modo de criação, ambiente físico-social e indicadores de estresse no bem-estar felino
Enriquecimento ambiental, interação humano-gato, biomarcadores de estresse.
Este estudo avaliou o cortisol piloso como biomarcador de estresse crônico em 34 gatos domésticos (Felis catus), com o objetivo de analisar a influência do modo de criação (indoor ou outdoor), de variáveis ambientais e de indicadores de estresse sobre o bem-estar felino. As amostras de pelo foram submetidas à quantificação de cortisol pelo método ELISA, e os tutores responderam a questionários sobre a caracterização ambiental. Os dados foram analisados por testes estatísticos, com nível de significância de 5%. A média geral de cortisol foi de 0,881 ng/mL, sem diferença significativa entre os grupos indoor (0,842 ng/mL) e outdoor (0,916 ng/mL; p = 0,510). Dentre as variáveis ambientais, apenas a interação social positiva apresentou associação significativa com menores níveis de cortisol (p = 0,034), sugerindo redução do estresse em animais com vínculo afetivo com os tutores. Concentrações hormonais mais baixas também foram observadas em lares que ofereciam verticalização, arranhadores, estímulo ao comportamento predatório e interação diária com humanos, embora essas variáveis, isoladamente, não tenham apresentado associação (p>0,05). Observou-se tendência a maior enriquecimento ambiental nos lares de gatos domiciliados. Gatos com comportamentos como isolamento e vocalização excessiva apresentaram níveis mais elevados de cortisol, enquanto a percepção de estresse pelos tutores não refletiu os valores hormonais mensurados. Os achados reforçam a importância de ambientes afetivos e enriquecidos para o bem-estar felino, mais determinantes que o acesso ao exterior. Estudos com amostras maiores são recomendados para aprofundar e validar essas relações, contribuindo para a disseminação de práticas eficazes no manejo ambiental de gatos domésticos.