Febre maculosa: avaliação epidemiológica da ocorrência de riquetsioses no estado de Alagoas
Rickettsia, Sorologia, Biologia Molecular, Nordeste, Brasil.
Este estudo teve como objetivo investigar a circulação de Rickettsia spp. em animais domésticos e seus ectoparasitas em áreas com casos humanos suspeitos ou confirmados de Febre Maculosa, nos municípios de Maragogi, Palmeira dos Índios, São José da Tapera e Senador Rui Palmeira, no estado de Alagoas, região Nordeste do Brasil. A investigação visa compreender a dinâmica epidemiológica da doença em uma região considerada não endêmica, contribuindo para estratégias de vigilância e controle. Foram coletadas amostras sanguíneas de 114 animais, sendo 95 cães e 19 cavalos, residentes em Locais Prováveis de Infecção (LPI). A distribuição dos animais foi: 68/114 de Maragogi, 30/144 de Palmeira dos Índios, 14/144 de São José da Tapera e 2/144 de Senador Rui Palmeira. As amostras de soro foram analisadas por Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) com antígenos das espécies Rickettsia rickettsii, Rickettsia parkeri e Rickettsia amblyommatis,considerando-se como ponto de corte o título de 1:64. Os resultados sorológicos revelaram que 54,3% (62/114) dos animais apresentaram anticorpos anti-Rickettsia spp., indicando contato prévio com o agente infeccioso. Um cão apresentou resultado positivo na análise molecular de coágulo, confirmando a circulação da bactéria em uma das localidades investigadas. A confirmação de óbitos humanos nas localidades investigadas confere ainda mais relevância aos achados obtidos nas coletas, reforçando a importância da vigilância integrada e da investigação nas áreas onde houve exposição de animais à Rickettsia spp. Esses resultados evidenciam a necessidade de ações contínuas de monitoramento, capacitação profissional e controle de vetores, considerando o potencial risco à saúde pública. Conclui-se que os animais investigados foram expostos à Rickettsia spp., sendo fundamental a continuidade de estudos ecológicos e epidemiológicos voltados à caracterização genética das cepas, ao monitoramento das interações entre fauna doméstica e silvestre e à formulação de estratégias de prevenção da doença.