Investigação sorológica e análise espacial de Leishmania spp. em felinos domiciliados e de rua em uma cidade turística no Nordeste, Brasil.
área urbana, gatos, leishmaniose, sorologia.
Felinos são considerados potenciais sentinelas de doenças zoonóticas devido à sua proximidade com humanos, ampla distribuição urbana e exposição frequente a patógenos. Este estudo teve como objetivo determinar a soroprevalência de anticorpos IgG anti-Leishmania spp. e investigar fatores de risco associados à infecção em felinos domiciliados e de rua na cidade de Maceió, Alagoas, Brasil. Um total de 366 amostras de soro foram analisadas, sendo 267 de felinos domiciliados e 99 de felinos de rua. A Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) foi utilizada como teste sorológico, adotando-se ponto de corte ≥40. No geral, 16,4% (60/366; IC95%: 12,6–20,1) dos animais foram reagentes, com maior frequência entre felinos de rua (29,3%; 29/99) comparados aos domiciliados (11,6%; 31/267). A análise multivariada indicou que a origem de rua foi um fator de risco significativo para sororreação a Leishmania spp. (OR = 3,08; p = 0,001; IC95%: 1,72–5,50). A análise espacial revelou que todos os felinos reagentes residiam na área urbana de Maceió, concentrando-se em bairros mais populosos, enquanto a região litorânea apresentou menor quantidade de casos. Estes achados reforçam o papel dos felinos como reservatórios silenciosos de Leishmania spp., destacando a importância de estratégias de vigilância ativa, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas, e sugerem que o monitoramento sorológico felino pode ser um indicador útil do risco ambiental de exposição humana à leishmaniose.