DA SAÚDE DOS TRABALHADORES À SINGULARIDADE DOCENTE: precarização e adoecimento nas universidades públicas brasileiras
Saúde dos trabalhadores. Saúde docente. Precarização. Adoecimento.
As análises desenvolvidas nesta pesquisa tomam como ponto de partida a centralidade da categoria trabalho, através da tradição marxista, no intuito de apreender a sua relação com a saúde sob a perspectiva do capital, revelando que seu caráter destrutivo também se expressa na degradação da saúde dos trabalhadores. Sendo assim, as evidências do desgaste na saúde relacionado ao trabalho, condensadas na atual conjuntura, refletem na singularidade dos trabalhadores docentes que se defrontam com condições laborais flexíveis e precárias, aliadas à elevadas exigências de produtividade, acarretando a sobrecarga e ficando mais suscetíveis ao adoecimento. Desse modo, pretende-se analisar o processo saúde-doença dos trabalhadores docentes que perpassa a precarização do trabalho, o produtivismo acadêmico e o adoecimento nas universidades públicas federais brasileiras. Do ponto de vista metodológico, esta pesquisa, norteou-se pelo materialismo histórico-dialético e em termos procedimentais realizou-se levantamento bibliográfico e investigação empírica de dados secundários. Dito isto, parte-se da crítica à forma particular de trabalho no modo de produção capitalista, o que torna possível a compreensão da questão da saúde dos trabalhadores e a problematização da constituição do campo da saúde do trabalhador. Esse percurso investigatório se fez necessário para o aprofundamento da discussão sobre as transformações ocorridas nas relações de trabalho em face da crise estrutural do capital e seus desdobramentos (reestruturação produtiva, neoliberalismo e financeirização) na particularidade brasileira. Essas transformações têm se refletido nos processos históricos de construção da atenção à saúde dos trabalhadores, assim como na singularidade da saúde docente, haja vista os modelos de gestão implementados nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), mediante lógicas mercantilizadas, com implicações nas condições de trabalho dos docentes que nelas atuam. As análises revelam que os docentes estão submetidos a diversas cargas de trabalho que demandam a intensificação de suas atividades laborais na busca pelo alcance das metas e exigências de produtividade, o que tem ocasionado desgastes, sobremaneira, no que diz respeito a saúde mental, o que pode evoluir para quadros mais graves como ansiedade, depressão, burnout, etc. Diante disso, apreende-se que as condições de trabalho docente nas universidades públicas federais são desgastantes e trazem impactos no adoecimento desses trabalhadores, no qual a degradação ocorre não só no corpo, mas na mente.