OS TONS DA VULNERABILIDADE: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E AS MULHERES NO CENÁRIO DA EPIDEMIA DO HIV NO BRASIL
Epidemiologia; Gênero; Política de Saúde; Mulheres, Gênero; HIV/Aids.
A dissertação "Os tons da vulnerabilidade: Perfil Epidemiológico e as mulheres no cenário da epidemia do HIV no Brasil" surge de uma experiência na Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso na Universidade Federal de Alagoas. Em um dos cenários de prática, a qual foi destinado na Unidade de Doenças Infecto-Parasitárias (UDIP), o trabalho do Serviço Social desempenha um papel crucial na promoção à saúde de maneira humanizada, inclusiva, informativa, socializadora e abrangente. No processo de trabalho exercido pelo profissional, há um grupo de apoio às pessoas que vivem com HIV. Durante esse período, houve a participação ativa das reuniões e encontros, onde observei um aumento significativo na participação de mulheres que compartilhavam suas experiências e histórias de vida. Além disso, ao analisar os encaminhamentos realizados pelo Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), ficou evidente que as mulheres estavam procurando cada vez mais os serviços de prevenção e tratamento do HIV. Essa observação destacou a importância de estudar o perfil epidemiológico das mulheres nesse contexto específico. O estudo investiga a crescente vulnerabilização das mulheres e sua ascensão no contexto epidemiológico do HIV no Brasil, considerando fatores sociais, econômicos e culturais. O objetivo central é promover uma reflexão crítica sobre os determinantes socio históricos e econômicos que vulnerabilizam as mulheres e repercutem na sua ascensão no contexto do perfil epidemiológico do HIV, no Brasil. A pesquisa adota estratégias que exploram a intersecção entre saúde, raça, gênero e políticas públicas ao longo das últimas quatro décadas, com foco na perspectiva de gênero à luz do pensamento crítico. A metodologia envolve uma análise bibliográfica e documental exploratória, utilizando boletins epidemiológicos de 2007 a 2021 e explorando aspectos legais da legislação brasileira e internacional. A pesquisa destaca determinantes sociais, culturais e históricos que contribuem para a vulnerabilização das mulheres, delineando desigualdades de gênero complexas que precisam ser compreendidas integralmente na totalidade do contexto em que se inscreve para subsidiar políticas sociais públicas e privadas mais coerentes, assertivas e inclusivas. Para tal, a contribuição do presente estudo imerge na história retomando o processo de apropriação e exploração do tempo e dos corpos das mulheres, na chamada “acumulação primitiva” (Marx, 2017; Federici, 2004), traz a intersecção da divisão sexual do trabalho, gênero e saúde. Vê-se, que após 40 anos do início da epidemia do HIV/AIDS no Brasil, a infecção passou por diversas transformações, que vão desde os aspectos sociais, econômicos e culturais, como políticos e afirmativos. Nos últimos anos, o Brasil enfrentou uma batalha contínua contra a epidemia de HIV/AIDS. Durante o recorte temporal, sob diferentes administrações governamentais, os desafios associados a essa doença persistiram. Ao analisarmos de perto a situação das mulheres, fica evidente que o perfil da infecção sofreu transformações notáveis. As mulheres que vivenciam o HIV/AIDS ainda enfrentam estigmas profundamente enraizados, muitos dos quais estão intrinsecamente ligados a questões complexas como raça, etnia, gênero, nível educacional e situação socioeconômica.