Percepção de risco dos pescadores de pequena escala em Áreas Marinhas Protegidas: determinantes da atividade
Trópicos; área marinha protegida; ação racional; limites culturais no ambiente; pesca artesanal
A pesca de pequena escala abrange a maioria das pescarias nos países em desenvolvimento, desempenhando papel essencial na redução da pobreza e segurança alimentar. Para isto enfrentam estressores diversos, e.g., marginalização econômica e social, conflitos e pesca excessiva, impactando suas percepções e atitudes de riscos, que também estão sujeitas a influência de atributos socioeconômicos tão distintos como idade, educação, renda ou religião. No presente artigo, testamos a hipótese de que pescadores com menor percepção de risco têm maior rendimento na pesca, uma vez considerada a influência do ambiente de pesca, a idade, escolaridade e religião. Para isso, foram aplicadas entrevistas a pescadores costeiros e de alto mar, usando questionários como ferramentas. Nossos resultados indicaram que há influência significativa do ambiente de pesca na renda gerada, mas não dos demais atributos testados, os quais apresentaram diferenças nas medianas, porém com alta variabilidade. A pesca no ambiente pelágico é mais exigente de condições operacionais e demanda mais tempo de pesca, sendo mais arriscada que a de ambiente costeiro. Encontramos que os pescadores desse ambiente apresentam maior percepção de risco relacionadas a perigo à saúde e conflitos, enquanto os pescadores de ambiente costeiro apresentam maior percepção de degradação ambiental. Portanto, sugerimos que a pesca pelágica seja tratada diferenciadamente das demais na elaboração de planos de manejo, pois os pescadores artesanais não constituem um grupo homogêneo. Também sugerimos que a mesma seja testada quanto ao perfil psicossocial dos pescadores para caracterização da identidade dos mesmos para a gestão.