O tesouro escondido: peixes criptobênticos em recifes com diferentes usos de uma Área Marinha Protegida Tropical
micro-habitat, No-take, Comportamento, Ictiofauna, Geomorfologia
Especialistas de micro-habitats e intimamente associados ao substrato recifal, os peixes criptobênticos apresentam alto valor ecológico, sendo responsáveis por transferir energia entre os níveis tróficos. Dentre as variáveis que moldam as assembleias de peixes criptobênticos, a complexidade do micro-habitat e a geomorfologia estão dentre as mais relevantes. Buscamos compreender as preferências de micro-habitat dos peixes e como as assembleias são influenciados por três zonas de uso (uso sustentável-ZUS, visitação-ZV e preservação da vida marinha-ZPVM) em duas diferentes geomorfologias (Reef Flat = RF e Back reef lagoon = BRL) na Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais. Em cada zona foram realizados 30 censos visuais de interferência, 15 por geomorfologia, onde foram registradas as espécies, substrato utilizado, profundidade e complexidade do micro-habitat. A composição bentônica foi determinada através de fotoquadrados e utilizada para o cálculo de eletividade de Ivlev. Foram registrados 900 indivíduos de 9 famílias e 17 espécies, com destaque para Gobiidae e Labrisomidae, mais ricas e abundantes , representando 61,5% e 20,8% dos peixes registrados, respectivamente. As assembleias de peixes criptobênticos não apresentaram diferenças significativas entre as três zonas, apenas entre geomorfologias. Quanto a utilização de micro-habitats destacamos a importância do BRF da ZPVM para Elacatinus figaro, espécie endêmica e vulnerável a extinção e sua intima associação os corais Montastraea cavernosa. A ZPVM cumpre seu papel como área no take, abrigando maior riqueza, densidade, diversidade e menor dominância. Considera-se ainda o potencial econômico das espécies criptobênticas que podem ser explorados turisticamente de forma sustentável e facilitado através do entendimento da preferência de micro-habitat das espécies.