Ultrassonografia gestacional canina e influência da braquicefalia na resistividade da artéria umbilical
avaliação gestacional, Doppler fetal, síndrome braquicefálica, cordão umbilical.
Cães braquicefálicos frequentemente apresentam patologias causadas pela seleção artificial, como distúrbios respiratórios devido a estenose das narinas, alongamento de palato mole e hipoplasia de traqueia, além de alta
incidência de distocias. A síndrome braquicefálica obstrutiva das vias aéreas (BOAS) é uma síndrome respiratória debilitante que afeta predominantemente cães braquicefálicos, em que o tecido mole bloqueia as vias aéreas durante respiração, podendo causar grave dificuldade respiratória nestes cães e, ocasionalmente, morte. Atualmente, os exames ultrassonográficos fazem parte e tem grande importância na rotina da medicina veterinária, sendo considerado essencial na prática obstétrica em cadelas, possibilitando a avaliação materna e de sua prole, de modo acurado, seguro e de fácil execução, e a ferramenta Doppler tem sido utilizado para avaliar a vascularização e determinar alguns índices vasculares do tecido uteroplacentário, cordão umbilical. Considerando-se que adaptações vasculares maternas frente a gestação são entre os eventos fisiológicos mais essenciais para o sucesso da gestação e o maior risco de desenvolvimento de BOAS em cadelas braquicefálicas, objetivou-se com o presente estudo avaliar a existência de diferenças no índice de resistividade da artéria umbilical (IRAU) do cordão umbilical entre fetos oriundos de gestações fisiológicas de cadelas braquicefálicas e não braquicefálicas. O IRAU foi mensurado em 137 fetos, entre a sétima e a nona semana de gestação, sendo 68 provenientes de cadelas braquicefálicas e 69 de cadelas não braquicefálicas. A idade gestacional foi estimada de acordo com o diâmetro biparietal (DBP) dos fetos, a partir da mensuração de dois a quarto fetos/cadela. Cadelas com pelo menos um feto diagnosticado com uma frequência cardíaca inferior a 180 bpm não foram incluídas no presente estudo. Foi observada uma redução semanal significativa nos valores do IRAU, tantos das cadelas braquicefálicas quanto das não-braquicefálicas, entre a sétima até a nona semana de gestação. Não foram detectadas diferenças (P > 0,05) no IRAU entre cadelas braquicefálicas e não-braquicefálicas na mesma semana de gestação. Em conclusão, caso as cadelas braquicefálicas avaliadas no presente estudo apresentavam hipóxia crônica, adaptações circulatórias uterinas e placentárias durante a gestação preveniram alterações no IRAU dos fetos caninos.